À entrada do último dia para a apresentação de propostas de alteração ao Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano, já foram entregues na Assembleia da República mais de 700 medidas, um número que aumentará substancialmente nesta sexta-feira, com as propostas de PS e PSD, novas propostas do PCP e as já anunciadas pelo CDS, ainda não entregues..O PCP será, previsivelmente, o partido com mais propostas de alteração - contava 186 ao início da noite de ontem. Em anos anteriores, a bancada comunista ombreava com a do Bloco de Esquerda no número de propostas entregues, mas neste ano os bloquistas apresentaram apenas 12 - o conjunto de medidas que o partido exige ver traduzidas no Orçamento do Estado para alterar o voto negativo da generalidade. Este é, aliás, um sinal de como tudo mudou neste ano: em 2020, o BE apresentou 209 propostas de alteração ao Orçamento do Estado, um ano antes foram 196, em 2018 tinham sido 120..OE 2021 já tem mais de 300 propostas de alteração.Ao contrário do PCP, o Bloco de Esquerda não se reuniu com o Governo desde a votação do OE na generalidade e, até ontem, não estava marcada qualquer reunião. As propostas dos bloquistas, apresentadas na última quarta-feira, centram-se nos temas que foram discutidos nas negociações com o executivo, sobre os quais não houve acordo. Trabalho, Saúde e Novo Banco são os principais eixos das propostas. .Já o PCP apresentou um pacote de 32 propostas, centradas nas questões fiscais. Entre outras medidas, a bancada comunista propõe "o englobamento obrigatório de todos os rendimentos a partir de 100 mil euros" no IRS, a "taxação das transferências para os 'paraísos fiscais' feitas por grupos económicos, como o Pingo Doce ou a Jerónimo Martins", a taxação dos lucros "entre 20 e 35 milhões de euros com uma taxa de 9%" na derrama estadual, a par do "resgate das parcerias público-privadas, que custam "mais de mil milhões de euros todos os anos". Segundo o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, estas medidas já foram discutidas com o Governo, mas não tiveram acolhimento - o que, aliás, já aconteceu em anos anteriores com boa parte destas propostas..Ministro das Finanças acena com crise no SNS sem Orçamento do Estado.Ontem, também o CDS apresentou um conjunto de propostas de alteração visando sobretudo uma descida de impostos para as empresas e os particulares - ou seja, de IRC e IRS. .Relativamente ao IRS, e segundo avançou em conferência de imprensa o presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, o CDS quer "que o imposto retido na fonte diminua mil milhões de euros", o que representaria um "significativo aumento do rendimento disponível de quem trabalha". Para o líder centrista, citado pela agência Lusa, a proposta do Governo nesta matéria "é ridícula, porque propõe devolver 200 dos três mil milhões de euros que o Estado cobrou em excesso no ano de 2019". É "devolver apenas uma esmola com o dinheiro que pertence às famílias, que estão cada vez mais pobres, e não representará ao final do mês mais até do que uma escassa e mísera meia dúzia de euros", afirmou Francisco Rodrigues dos Santos..O PAN apresentou, até ao final do dia de ontem, 159 propostas de alteração, enquanto o PEV entregou 97, a Iniciativa Liberal 46 e o Chega 76. A deputada independente Joacine Katar Moreira entregou 51 medidas de alteração, enquanto Cristina Rodrigues apresentou até agora 88.