Mais de 5000 detidos por apostas ilegais
A Interpol (polícia criminal internacional) anunciou ontem que foram detidas mais de cinco mil pessoas por alegadamente estarem ligadas a apostas clandestinas em jogos do Campeonato do Mundo de Futebol da África do Sul. Foram também apreendidos 7,7 milhões de euros, carros, cartões de crédito, computadores e telemóveis. Os dados contidos nos computadores e nos telemóveis vão ser analisados pela Interpol.
A operação policial durou um mês, entre 11 de Junho e 11 de Julho, período em que decorreu o Mundial, na China (Hong Kong e Macau, incluídos), Malásia, Singapura e Tailândia. Mais de 119 milhões de euros foram apostados em 800 centros de apostas clandestinas, foi revelado.
"Estes resultados são impressionantes, não apenas em razão do número de detenções e de apreensões em apenas um mês em toda a região mas também no plano da cooperação policial", referiu Jean-Michel Louboutin, director executivo da Interpol.
"As apostas clandestinas não têm apenas ligações evidentes ao crime organizado, mas estão também ligadas à corrupção, branqueamento de capitais, prostituição, e esta operação vai ter um impacte significativo a longo prazo", acrescentou o dirigente.
Não se sabe se os resultados dos jogos do campeonato do mundo foram influenciados pelas apostas ilegais, nem quais os encontros em que foram feitas essa apostas. Muitos adeptos apostaram legalmente nos resultados dos desafios, mas muitos outros fizeram-no clandestinamente.
Esta operação, baptizada "Soga III", insere-se num inquérito mais vasto, que teve anteriormente duas fases. Ao todo, foram detidas sete mil pessoas e apreendidos 20 milhões de euros.
Ao contrário do que acontece na Grã-Bretanha, em que existe uma indústria legal de apostas em resultados desportivos, ou em França, que recentemente adaptou a sua legislação para permitir as apostas na Internet, na maioria dos países da Ásia as apostas são proibidas, apesar da paixão dos asiáticos por este tipo de jogo. Em Junho, a Malásia legalizou as apostas, tendo provocado a cólera dos fundamentalistas islâmicos. Mas os regulamentos e as autorizações administrativas não estavam prontos a tempo do Mundial.