Mais de 50 incidentes antimuçulmanos foram registados em França desde o atentado contra o Charlie Hebdo, na quarta-feira, disse hoje o presidente do Observatório contra a Islamofobia do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM)..Abdallah Zekri, citado pela agência France Presse, disse que os números são do Ministério do Interior francês e que se registaram 21 ações (disparos, lançamento de granadas, entre outros) e 33 ameaças (cartas e insultos, entre outros) desde quarta-feira, números que são provisórios e não incluem Paris nem os seus arredores,."Estou escandalizado com este aumento da islamofobia, depois de termos marchado ontem (domingo) em ambiente de calma e serenidade, lado a lado, em diversidade, e de termos claramente condenado o terrorismo", disse Zekri..São números "nunca vistos" em menos de uma semana, acrescentou..Segundo a agência, os últimos dados disponíveis, baseados em queixas recebidas pela polícia, davam conta de 110 atos nos primeiros nove meses de 2014, menos que no mesmo período de 2013 (158).."É preciso reforçar a vigilância" dos locais de culto muçulmano, dos sites internet e das redes sociais "contra o ódio e a vingança que se exercem atualmente", defendeu Abdallah Zekri. "Mesmo a Grande Mesquita de Paris, símbolo do Islão em França, não é objeto de segurança especial", lamentou o responsável..O ataque de quarta-feira ao jornal satírico Charlie Hebdo fez 12 mortos, incluindo o diretor da publicação e alguns dos seus principais cartoonistas..Um dia depois, um outro ataque vitimou uma mulher polícia num subúrbio a sul da capital francesa e, na sexta-feira, quatro pessoas morreram num sequestro num supermercado de produtos judaicos em Paris..Os autores do primeiro ataque, os irmãos Chérif e Said Kouachi, e o dos outros dois, Amedy Coulibaly, foram mortos pela polícia.