Mais de 450 pessoas feridas em manifestação contra Governo romeno

Protesto organizado por expatriados reuniu cerca de 80 mil pessoas em Bucareste e terminou na sexta-feira em confrontos com a polícia. Manifestantes voltaram à rua este sábado.
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Mais de 450 pessoas ficaram feridas e outras 30 foram detidas na sexta-feira durante uma manifestação em Bucareste, contra o Governo romeno, que visava exigir a demissão do executivo e eleições antecipadas, divulgaram hoje autoridades locais.

Segundo dados das autoridades, este foi o resultado da manifestação de cerca de 80 mil romenos na sexta-feira contra o Governo, num protesto organizado por expatriados e que originou confrontos com a polícia de choque quando os manifestantes tentavam passar uma barreira policial que os separava de instalações do Governo.

Fontes hospitalares informaram que muitos destes feridos foram assistidos devido à inalação de gases pimenta e lacrimogéneo utilizados pela polícia, enquanto outros sofreram hematomas. Entre os feridos há também polícias.

Em reação à ação policial, o presidente da Roménia, Klaus Iohannis, crítico do Governo, disse na sexta-feira que "condena firmemente a brutal intervenção da polícia de choque", que classificou como desproporcionada num protesto que foi maioritariamente pacífico.

Os manifestantes voltaram entretanto às ruas no sábado, com bandeiras da Roménia, mas também da União Europeia. "Não tenho medo! Os romenos vão ganhar", gritaram.

Protesto de emigrantes

Os emigrantes, que organizaram a manifestação em Bucareste, capital da Roménia, afirmam estar descontentes pela forma como o país está a ser governado, nomeadamente no que diz respeito à luta contra a corrupção desde que o Partido Social Democrata chegou ao poder em 2016.

Estima-se que cerca de três milhões de romenos vivam fora do país e alguns dizem que saíram devido à corrupção, baixos salários e falta de oportunidades. Alguns dos presentes atravessaram a Europa de carro para estar no protesto.

A Roménia é um dos países mais corruptos da União Europeia e Bruxelas mantém o sistema judicial romeno debaixo de apertada vigilância.

A atual primeira-ministra da Roménia, Viorica Dancila, de 54 anos, a primeira mulher a ocupar esse cargo, é o terceiro chefe de Governo num curto período.

A primeira-ministra lidera o Governo apoiado pelos sociais-democratas, mas criticado pela União Europeia, após a aprovação de legislação que os críticos consideram dificultar a perseguição judicial à corrupção de alto nível.

Dancila deu o seu apoio a estas propostas, que motivaram manifestações dos opositores nas principais cidades do país.

Os dois anteriores primeiros-ministros foram demitidos por alegadamente não respeitarem a linha política imposta pelo Partido Social-democrata (PSD, no poder) e em particular por não fornecerem o apoio total à reformulação do sistema judicial.

Mihai Tudose demitiu-se do cargo primeiro-ministro no início de janeiro, após o partido lhe ter retirado o apoio. Tinha substituído Sorin Grindeanu, forçado a abandonar o executivo após um voto de não-confiança apresentado no parlamento pelo seu próprio partido em junho.

Dancilla deverá desempenhar uma função de gestão, com a política governamental a ser decidida pelo líder do PSD, Liviu Dragnea, impedido de assumir o cargo de primeiro-ministro devido a uma condenação por manipulação de resultado eleitoral.

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