Mais de 30 casos no mundo desde 1982

Estudo, revela que o tempo médio de gestação no momento da morte cerebral da grávida foi de 22 semanas e a idade gestacional no momento do nascimento de 29,5 semanas
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Até 2010, entre os casos reportados na literatura médica só dois chegaram aos 100 dias em suporte de vida: ambos nos Estados Unidos. Um deles, em 1999 (100 dias, precisamente) e outro em 1989 (107 dias). Em ambos, a idade gestacional aquando da morte da grávida era de 15 semanas. Estes factos foram coligidos num estudo intitulado "Uma vida acaba, outra começa: tratamento de uma grávida em morte cerebral, uma revista sistemática", de vários autores, publicado no jornal médico eletrónico BMC.

Segundo o estudo, o tempo médio de gestação no momento da morte cerebral da grávida foi de 22 semanas e o período médio de suporte de vida de 38,3 dias, resultando numa idade gestacional no momento do nascimento de 29,5 semanas. Só há, porém, informação sobre o que sucedeu a 19 dos fetos. Desses, 12 (63%) sobreviveram. Mas, refere o estudo, essas crianças não foram todas seguidas para avaliar de possíveis complicações: só há informação até aos dois anos de vida em relação a seis delas, que não tinham, aparentemente, problemas atribuíveis às suas "excecionais circunstâncias intra-uterinas".

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Depois de 2010 foram notícia outros casos em que foi possível manter a gravidez numa morta até à viabilidade do feto. Logo em 2011, soube-se que uma mulher de 38 anos, declarada em morte cerebral às 11 semanas de gravidez na Arábia Saudita, fora mantida em suporte de vida por 17 semanas. Em 2014, a canadiana Robyn Benson, grávida de 22 semanas e acometida por uma brutal hemorragia cerebral, esteve seis semanas em suporte de vida, até que os médicos fizeram nascer o filho Iver. No ano seguinte, com o mesmo tempo de gestação e a mesma causa de morte, a americana Karla Perez, do Nebraska, ficou, a pedido da família, em suporte de vida num hospital durante sete semanas, até os médicos retirarem o bebé. Já em janeiro de 2016, na Polónia, nasceu, com 26 semanas, uma outra criança resultante da gravidez de uma mulher de 41 anos que, sofrendo de cancro no cérebro, entrou em morte cerebral às 17/18 semanas de gestação, tendo ficado 55 dias em suporte de vida. A notícia foi dada em abril, quando o bebé, aparentemente sem problemas e já com três quilos, deixou o hospital após três meses nos cuidados intensivos.

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