O parlamento português bateu o recorde de resoluções apresentadas desde 2002, 1.415, um instrumento político que serve para fazer recomendações sem efeito legislativo e que ninguém controla..A resolução e a sua votação é um dos pontos em agenda das normas procedimentais em debate na conferência de líderes parlamentares, na quarta-feira, na Assembleia da República, em Lisboa, segundo um documento da autoria de Jorge Lacão, deputado do PS e vice-presidente do parlamento, e de Duarte Pacheco, deputado do PSD e secretário da mesa..E uma das ideias para controlar o fenómeno é fazer com que tenham uma tramitação idêntica às leis: votação na generalidade, debate na especialidade e votação final global..Excetua-se a obrigatoriedade de elaboração de notas técnicas e pareceres técnicos prévios, de acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso..Até hoje, em três anos, desde o início da legislatura, em 2015, já entraram 1.415 projetos de resolução, quase tantos quantos nos quatro anos (2011-2015) da legislatura anterior (1.568)..E é um número recorde tendo em conta as primeiras três sessões legislativas desde 2002, segundo uma estatística feita pela agência Lusa..Foi na legislatura 2011-2015, com Assunção Esteves como presidente da Assembleia da República, que se registou um "boom" na apresentação de projetos de resolução..A solução para a multiplicação de resoluções ainda está em aberto e os deputados da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias têm abordado a questão nos últimos meses..Luís Marques Guedes, deputado do PSD, alertou já para o facto de "ninguém controlar" se as resoluções são, ou não, cumpridas pelo Governo ou pela entidade a que se destinam, e, em outubro, ficou decidido que o assunto seria abordado na conferência de presidentes de comissão..Em várias conferências de líderes o presidente do parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues, alertou que o Diário da Assembleia da República publica várias resoluções sobre o mesmo tema..O BE, através do seu líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, já alertou que os partidos não podem ser limitados na sua iniciativa política, em que estão incluídos os projetos de resolução..O termo "fúria resolutiva", descrição feita à agência Lusa por um deputado com mais de 20 anos de experiência, permite uma bancada tomar uma posição política, sem avançar de um projeto de lei..E tem servido para os partidos, à esquerda do PS, por exemplo, exigirem, aconselharem ou fazerem recomendações ao Governo que apoiam na Assembleia da República..À direita, é através de uma resolução que o CDS vai forçar uma votação sobre o Programa de Estabilidade, que não exige uma votação no parlamento, mas obriga a um posicionamento de todos os partidos..Originalmente, e pelo regimento, as resoluções são formas de decisão do parlamento, e versam assuntos tão diversos como o "assentimento" para a ausência de território nacional do Presidente da República ou a criação de uma comissão de inquérito parlamentar.