Mais azul e dourada. A Sala das Porcelanas está (quase) nova

Nove meses de trabalhos e 50 mil euros dão uma nova vida à pequena mas valiosa sala da atual embaixada de França
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Estavam lá quando D. João V chegou ao trono, em 1707. Terão sido pendurados entre 1667 e 1687 pelo dono do Palácio de Santos, José Luís de Lancastre. Sobreviveram ao terramoto de 1755. À mudança da capital do reino para o Brasil em 1808 e às Invasões Francesas. À queda da monarquia e à implantação da República. Ao 25 de Abril. As 263 peças que ornamentam o teto da Sala das Porcelanas da atual Embaixada de França em Lisboa deram mais do que nome a esta pequena divisão. São uma raridade quase intocada. Neste ano, excecionalmente, desceram à terra para serem limpas, analisadas, registadas, conservadas, mostradas e, finalmente, voltarem ao local de sempre.

A história começa do lado de fora da sala, quando se tornou evidente que o coruchéu do palácio precisava de obras. Os trabalhos iam ser feitos mas poderiam afetar a coleção, aquela sobre a qual a historiadora de arte francesa Daisy Lion-Gold-schimdt, principal investigadora do conjunto, escreveu que "a quantidade numérica, a qualidade e a diversidade das peças do século XVII constituem um facto inigualável".

Nas mãos da embaixada de França desde 1909, o palácio depende do departamento de Monumentos Históricos do país. Que neste caso, por recomendação do ateliê do arquiteto François Chatillon, especialista em património cultural, decidiu avançar com o apeamento, limpeza e conservação da coleção de porcelanas. Retirados em janeiro, só voltaram durante o mês de outubro.

Delfim Caseiro, arquiteto lusodescendente, que tem liderado o processo entre o ateliê de Chatillon, a embaixada de França e a equipa de restauro, leva o DN até ao início de 2015, quando um andaime feito de propósito para este local e um elevador improvisado, mas seguro, fez descer cada uma destas peças. Um pormenor que custou 16 mil euros ao orçamento. O resto, segundo Delfim Caseiro, foi um investimento de 20 mil euros no restauro. "O governo francês está interessado na valorização do património", explica.

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