Mafias oferecem travessia para a Europa entre os 500 e os 15 mil dólares nas redes sociais
Entre 500 e 15 mil dólares - 430 e 12 mil euros - é quanto pode custar uma travessia ilegal para território da UE. Depende do que estiver incluído. Pode ser uma simples passagem em embarcações pneumáticas rudimentares, motos de água ou iates, até travessia com vistos de trabalho incluídos ou travessia e bilhete de avião. Os serviços são anunciados em contas que existem nas redes sociais, sobretudo Facebook e Instagram, mas também YouTube, Google+ e Twitter. Os negócios são depois concretizados através de Apps como Viber, Telegram e WhatsApp. Quem alerta para a situação é o Gabinete Europeu de Apoio em Matéria de Asilo (EASO), num relatório que esta quarta-feira é citado pelo jornal espanhol El Mundo.
Segundo o documento do organismo, que tem a sua sede em Malta, através das redes sociais é possível conseguir desde passaportes espanhóis falsos, até contratos de trabalho malteses, passando por vistos para estudantes na China, até guiões com argumentos que os migrantes devem usar para conseguir asilo. 500 dólares é quanto um migrante pode pagar para vir numa embarcação rudimentar da Turquia para a Grécia. 1000 numa moto de água. 1500 num barco grande. 600 dólares é o preço mais barato para atravessar da Líbia para Itália de lancha. 5000 euros custa uma passagem da Sérvia para a UE. 15 mil dólares é o preço por um bilhete de avião da Turquia para a Alemanha com visto Schengen incluído e, se for com ida para o Canadá, os preços podem subir até aos 22 mil dólares (18 mil euros).
Numa conta de Instagram, dada como exemplo, oferece-se viagem por 6500 euros, num confortável iate de luxo, para ir da Turquia para Itália. Incluído está o serviço de pequeno-almoço, almoço e jantar. O dinheiro tem que ser depositado num safari - empresa de intercâmbio de divisas - no Irão e, posteriormente, ser transferido para a rede de tráfico de migrantes quando o cliente chegar ao destino. A conta de Instagram tem todas as informações e inclui dados de contacto através do Telegram.
"Para muita gente que foge da guerra ou da perseguição, o seu smartphone é um dos pertences mais importantes", disse ao jornal espanhol Izabella Cooper, porta-voz da Agência Europeia de Controlo de Fronteiras Externas (Frontex). "As páginas de Facebook costumam ser administradas por intermediários e assemelham-se a agências de viagens, com fotos, informações sobre o preço e a rota, bem como com conselhos úteis. Incluem mesmo classificações sobre os facilitadores mais confiáveis, as melhores rotas e os países que é aconselhável evitar".
Num relatório de 2017, o Centro Europeu de Tráfico de Migrantes da Europol reportou que, em 2016, foram detetados 1150 perfis nas redes sociais pertencentes às máfias que promovem as travessias de migrantes para território da União Europeia. Em 2015 o número de perfis do género localizados foi de 148. Atualmente, diz o El Mundo, o número deverá ser superior, uma vez que o modus operandi cresce a grande velocidade e, segundo a Europol, 90% dos migrantes ilegais que querem vir para a Europa não o fazem por sua conta e optam por recorrer a estas máfias de traficantes.