Maduro de podre

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Se o original já não era flor que se cheirasse, a cópia é o desastre completo. A Venezuela de Maduro apresenta, em 2015, a magnífica cifra de 10% na contração do PIB, 200% de inflação, escassez de bens essenciais e medicamentos, uma taxa de criminalidade que duplicou na última década, com números de homicídios vinte vezes superiores aos dos EUA e uma incidência reiterada na comunidade portuguesa, tem líderes da oposição presos e assassinados em comícios, um governo que proibiu observadores eleitorais da UE e da Organização de Estados Americanos (OEA), e trafulhices que devem envergonhar os venezuelanos, como a criação de um partido pró--governamental com uma sigla semelhante à coligação opositora, estrategicamente colocado no boletim junto à sua sigla para confundir o eleitor.

Apesar disto tudo - melhor, por causa disto tudo - as sondagens dão ampla vantagem à oposição, fazendo crer que vem aí o princípio do fim do chavismo-madurismo. Porém, mesmo duvidando das sondagens, preparemo--nos para o dia seguinte, dado que Maduro já fez saber que a resposta irá para as ruas, não será meiga e a tentação de governar por decreto inevitável. A minha pergunta é esta: se a Venezuela mergulhar numa guerrilha urbana em cima da rutura social em curso que controlo de danos têm as organizações latino-americanas, os Estados regionalmente preponderantes ou outros mais afastados mas diretamente interessados?

A ver pelos sinais, Maduro será isolado rapidamente. O secretário-geral da OEA veio pela primeira vez a público expor as ilegalidades desta campanha. O novo presidente argentino já ensaiou a rutura, o suporte brasileiro está preso pelos arames da destituição de Dilma e Cuba assentou romance com Washington. Deste lado, Rajoy é inflexível no antichavismo pelo que, para não variar, resta saber a posição de Lisboa. A dos últimos anos deve envergonhar--nos a todos.

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