Macron e Merkel apelam a cessar-fogo "completo e duradouro" no leste da Ucrânia

França e Alemanha reforçaram hoje os apelos para "um cessar-fogo sólido, completo e duradouro no leste da Ucrânia", região afetada por um conflito desde 2014, para permitir "a execução de medidas humanitárias essenciais" para a população civil.
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O apelo conjunto do Presidente francês, Emmanuel Macron, e da chanceler alemã, Angela Merkel, surge depois do Grupo de Contacto sobre a Ucrânia, fórum composto por representantes de Kiev, Moscovo e da Organização Europeia para a Segurança e Cooperação (OSCE), ter anunciado, na quinta-feira, uma nova declaração de cessar-fogo para a zona leste do território ucraniano, área dominada por separatistas pró-russos.

Este fórum tripartido permitiu a assinatura dos acordos de paz de Minsk em 2015, um texto político que se transformou em letra morta e cujas disposições têm sido regularmente violadas, nomeadamente as tentativas de tréguas.

Na quinta-feira, o Grupo de Contacto anunciou um novo cessar-fogo que deverá entrar em vigor a partir de sábado (dia 29 de dezembro), por ocasião do Ano Novo e do Natal dos cristãos ortodoxos, assinalado a 07 de janeiro.

"A proximidade das festividades do Ano Novo e do Natal ortodoxo deve fornecer uma oportunidade para as partes do conflito no leste da Ucrânia se concentrarem nas necessidades da população civil, que está a sofrer há muito tempo", declararam os dois líderes ocidentais, cujos países também assinaram os acordos de Minsk e têm marcado presença em outras tentativas de negociação.

França e Alemanha declararam ainda que querem "continuar a trabalhar na implementação de todos os pontos que constam nos acordos de Minsk".

No mesmo comunicado conjunto, divulgado pela Presidência francesa, Macron e Merkel manifestaram-se também muito preocupados com a atitude de Moscovo na península ucraniana da Crimeia e no estreio de Kerch, que separa o Mar de Azov do Mar Negro e que tem sido cenário de disputas entre a Rússia e a Ucrânia.

"A situação dos direitos humanos na Crimeia, ilegalmente anexada pela Rússia, o uso da força militar russa no estreito de Kerch e as inspeções excessivas realizadas no Mar de Azov, são igualmente para nós fontes de uma profunda preocupação", declararam os dois líderes, numa referência às tensões ocorridas em novembro passado.

A 25 de novembro, a Rússia apresou três navios de guerra ucranianos ao largo da Crimeia e deteve os 24 elementos a bordo, acusando-os de terem entrado ilegalmente nas suas águas territoriais.

Tratou-se do primeiro confronto militar aberto entre os dois países desde a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014 e do início do conflito no leste da Ucrânia entre as forças governamentais de Kiev e as forças separatistas pró-russas, que já fez, até à data, mais 10.000 mortos.

Na nota conjunta, Merkel e Macron pediram "a libertação imediata e incondicional dos marinheiros ucranianos" detidos por Moscovo, para que "possam também passar as festividades com as respetivas famílias".

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