Maçonaria. Derrotada linha de continuidade no GOL 

Carlos Vasconcelos, atual grão-mestre adjunto, foi vencido por um histórico, Fernando Cabecinha. Este apresentou-se reconhecendo que a imagem da maçonaria é "muito negativa".
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A segunda volta das eleições no Grande Oriente Lusitano - GOL, a mais antiga obediência maçónica em Portugal - determinaram, neste sábado, a derrota de uma linha de continuidade face ao grão-mestre que cessa funções, Fernando Lima Valada, agora de saída depois de dez anos à frente da organização (a liderança mais prolongada no tempo desde o 25 de Abril).

Vencendo com 714 votos (56,1%), Fernando Cabecinha, consultor gestor, 67 anos, derrotou a candidatura de Carlos Vasconcelos, que obteve 559 votos (43,9%). Vasconcelos representava a continuidade - é atualmente o número dois da organização com o cargo de grão-mestre adjunto de Fernando Lima Valada. A participação rondou os 63,67%. Dito de outra forma: a abstenção foi 36,3%. Votaram 1274 dos 2001 membros do GOL com capacidade de voto.

Aparentemente, Cabecinha conseguiu angariar para o seu lado os votos obtidos pelo candidato excluído na primeira volta, Luís Parreirão (militante do PS, ex-secretário de Estado de Jorge Coelho nos governos de António Guterres).

Nessa primeira volta, em 30 de outubro, Cabecinha também foi o mais votado, obtendo 563 votos. Em segundo lugar, ficou Carlos Vasconcelos, com 536. E em terceiro, acabando excluído do confronto, Luís Parreirão, com 259 votos. Aparentemente, foi agora Fernando Cabecinha quem conseguiu ficar com os votos de Parreirão.

Fernando Cabecinha venceu apresentando um programa - "Novos desafios, novas soluções - Pelo orgulho em ser maçom" - onde defende que a maçonaria "tem de voltar a ser um ator social de relevo".

Segundo escreveu, é preciso dentro da organização responder-se com "empenho e determinação" às "manifestações de indiferença, cansaço, alheamento, desapontamento, desfalecimento - sentimentos equívocos e perniciosos que urge superar".

Assumindo que "a imagem percebida da maçonaria e do maçom é muito negativa", Fernando Cabecinha prometeu "lutar para que a maçonaria seja reconhecida" como "um espaço de livres-pensadores e de gente com honra".

O programa foi apresentado para o próximo triénio mas incluindo propostas a dez anos: "Sabemos bem que ultrapassa o período de um mandato, mas propomo-nos iniciar o processo e acreditamos que os irmãos que se nos seguirão cuidarão de procurar alcançar este desígnio."

O grão-mestre eleito sugeriu ainda no seu programa que se inicie um debate sobre a possibilidade de o GOL se abrir à participação feminina (a organização é exclusivamente masculina) dizendo que, como "não há temas tabu entre o livres-pensadores", é tempo de "fomentar, com a devida serenidade, o debate sobre temas como os ritos e a diversidade de género".

Advoga também o crescimento territorial da organização prometendo "estimular e apoiar o levantamento de colunas [abertura de novas "lojas"] em locais ainda não cobertos", algo a ser feito seguindo "uma estratégia de ampla cobertura geográfica do país pela nossa Obediência".

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