Ma Ma
RUI PEDRO TENDINHA (2/5)
Uma grande, grandíssima Penélope num filme a evitar
Pode a grande Penélope Cruz sozinha salvar um filme? Apetece pensar que sim, se não tivesse este realizador a querer-lhe roubar o protagonismo com planos escusados, com uma mise-en-scéne em escalada de excesso e efeitos de chantagem emocional que nos deixam à beira de um ataque de nervos. Se Ma Ma, com o tema do cancro e da mística superação, tinha tudo para correr mal, é justo dizer que ainda corre pior. O filme é trapaceiro, manipulador no pior sentido e, mais grave, com a pretensão que é transcendental: a mensagem aqui é: o cancro pode vencer-te mas o que deixas na terra é a tua vitória. Penélope Cruz é uma mulher vencida pela vida que descobre um cancro na mama. É operada mas passado um tempo percebe que está num estado terminal. Mesmo assim, engravida e decide ter o seu segundo bebé. Sim, Ma Ma é mesmo assim; um "tearjerker" a celebrar uma pieguice espanhola extrema e melodramática. Penélope ainda tenta com a sua arte honesta de atriz, mas Medem estraga tudo com uma propensão para planos óbvios: o bébé no útero, o coração a bater bum-bum na hora do orgasmo. Enfim, pornografia sentimental.
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