Lukas Graham: Ser uma estrela pop "é uma lição de humildade"
A banda dinamarquesa que conquistou o mundo com o êxito 7 Years estreia-se ao vivo hoje em Portugal, com um concerto único no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. É uma banda com nome de pessoa, pessoa essa que por sua vez é o seu vocalista e principal compositor. A banda chama-se Lukas Graham e é cada vez mais conhecida por esse mundo fora, à boleia de 7 Years, uma canção pop perfeita, de toada soul, tão orelhuda quanto pessoal, tal como as baladas devem ser, que Lukas Graham, a pessoa, escreveu após a morte do pai. É precisamente esse lado mais pessoal da sua música, tão presente no disco de estreia homónimo e na qual se expõe de forma íntima e autobiográfica, que conquistou os fãs do mundo inteiro e deixou rendida a indústria. Um verdadeiro sonho tornado realidade, para aquele miúdo crescido na antiga comunidade hippie de Christiania, um dos bairros mais problemáticos de Copenhaga, que sempre teve na música um refúgio e conseguiu, através dela, fintar o destino e conquistar o mundo.
Como é que alguém, que cresceu e viveu grande parte da vida num bairro como Christiania, reage ao ver-se transformado, quase de um dia para o outro, numa estrela pop?
Era uma ambição e está a ser um sonho tornado realidade, tenho de o admitir, mas também é uma lição de humildade, especialmente quando chego a lugares tão distantes de casa e tenho multidões a cantarem as minhas músicas. É algo muito comovente e surpreendente.
Como é que crescer num bairro como Christiania o influenciou enquanto artista?
Influenciou no sentido de não ter receios de correr riscos, de fazer coisas únicas e de aprender a ouvir, tanto a mim mesmo como o que os outros têm a dizer sobre mim. Apesar de todos os problemas daquele bairro, nunca deixámos de ser uma comunidade.
Que relação tem hoje com o bairro? Ainda lá vai?
Sim, claro. Moro apenas duas ruas abaixo e vou lá de vez em quando, dizer olá, beber uma cerveja ou apenas para estar com alguns amigos. Todos têm um grande orgulho em mim, sentem-se muito felizes por ver alguém do bairro conseguir ter sucesso.
Tanto a banda como o disco têm o seu nome, porquê essa decisão? Muita gente poderá pensar que se trata de um trabalho a solo...
Não é um assunto que me preocupe, nem aos meus colegas. A verdade é que sou eu que escrevo as letras e é a minha experiência como ser humano que é contada no disco. É natural que seja o meu nome a aparecer.
Todas as suas letras são muito autobiográficas e pessoais, não teme estar a expor-se em demasia?
Nunca pensei muito nisso como uma fraqueza. Pessoalmente sempre admirei muito mais os artistas que o fazem do que aqueles que escrevem sobre histórias fictícias. Por outro lado, se não for eu a escrever sobre a minha vida, os media vão fazê-lo por mim, pelo que é melhor não arriscar, porque não iria ser tão agradável (risos).
Quando é que começou a interessar-se por música?
A música esteve sempre muito presente na minha vida. Toda a gente na minha família canta e o meu pai, que era irlandês, desde cedo me mostrou muita música folk. Mais tarde ingressei num coro infantil da escola, o que me permitiu viajar muito.
E quando começou a escrever as suas próprias letras?
Aos 12 anos comecei a escrever rap. Canções propriamente ditas só por volta dos 20 anos. A primeira foi escrita em Buenos Aires, era sobre crescer e sobre as saudades que sentia dos meus amigos de sempre. Depois disso ainda passei alguns meses nos Estados Unidos, com alguns músicos amigos de folk, amigos do meu pai, e quando finalmente regressei à Dinamarca percebi que era tempo de formar a minha própria banda.
Como é que surgiu o tema 7 Years?
Ao piano, ouvi a melodia e saiu-me de imediato a frase inicial, "Once I was 7 years old" e fui por aí fora.
É uma letra muito pessoal, em que chega a falar da morte do seu pai...
É a minha história.
O que podem esperar os fãs portugueses deste concerto em Lisboa? Como são os Lukas Graham ao vivo?
Posso prometer-vos um concerto com muito poder, porque ao vivo soamos muito mais rock do que disco. E algumas músicas têm arranjos diferentes, como é o caso do 7 Years, que contará com a presença de uma brass band em palco.
Lukas Graham
Coliseu dos Recreios,
Lisboa. Hoje, às 21.00.
Bilhetes entre os 29 euro e os 34 euro
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