O mundo do futebol reclamava um novo rosto para o seu trono. Era um sentimento crescente entre aqueles que o alimentam, nas conversas que proliferam em redor do jogo. Uma década de duopólio entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, que dividiram entre si todos os prémios de melhor do mundo nos últimos dez anos, começava a sufocar o ambiente futebolístico, sedento de reconhecimento para "novos" protagonistas. Em ano de Campeonato do Mundo, o pretexto estava encontrado. E dele emergiu a figura de Luka Modric, consagrado nesta segunda-feira como o novo rei do futebol mundial, na gala da FIFA que atribuiu ao médio croata o prémio The Best da temporada 2017-18..A eleição de Modric - que ganhou com 29,05% dos votos, contra 19,08% de Ronaldo e 11,23% de Salah - marca sobretudo isso: o fim de uma era sem precedentes. Nunca o futebol tinha conhecido um domínio tão intenso por parte de dois dos seus intérpretes quanto aquele que Ronaldo e Messi perpetuaram desde 2008 até agora. Curiosamente, o lançamento de uma nova ordem no universo do futebol não chega ainda por um dos promissores rostos da nova geração, como o francês Kylian Mbappé ou o brasileiro Neymar, mas antes por um veterano médio que até aqui tinha vivido na sombra dos dois gigantes da última década..Modric capitalizou agora da melhor forma o excelente Mundial realizado com a sua seleção, uma Croácia que pela primeira vez chegou à final da mais importante prova futebolística do planeta, na qual Cristiano Ronaldo e Lionel Messi acabaram por sair de cena demasiado cedo. E foi esse o fator diferenciador que permitiu ao mundo do futebol concretizar a mudança ansiada..Luka Modric, o pequeno genial que sobreviveu às balas da guerra dos Balcãs nos anos 1990, liderou a Croácia até à final perdida para a França no Mundial. Marcou dois golos no torneio. Um deles, uma verdadeira joia frente à Argentina de Messi. E acabou eleito como o melhor futebolista do campeonato realizado na Rússia, mesmo não fazendo parte da seleção vencedora. Estava encontrado um novo rei..Ronaldo faltou.O começo de uma nova era já se fizera anunciar nos prémios da UEFA, que também elegeram o croata do Real Madrid como o melhor da época passada no futebol europeu, mesmo se na equipa merengue que conquistou a terceira Liga dos Campeões consecutiva se tenham destacado sobretudo os 15 golos de Cristiano Ronaldo ao longo do trajeto. Por isso, o português não se fez rogado em transmitir a sua insatisfação, não comparecendo no Mónaco, em agosto, para aplaudir o antigo colega de equipa. Como também não marcou presença, de resto, nesta segunda-feira, no Royal Festival Hall de Londres, para passar a coroa a Modric na gala da FIFA..O português, que tinha sido o único vencedor deste troféu desde que ele foi instituído em 2016 - após o final da parceria entre a FIFA e a revista France Football na atribuição da Bola de Ouro (que se mantém agora exclusivamente sob organização da publicação francesa que lhe deu origem e será atribuída em dezembro) -, fazia parte dos três finalistas ao prémio deste ano, juntamente com Modric e com o egípcio Mohamed Salah, mas não viajou até Londres, alegadamente por razões desportivas: tem jogo pela Juventus na quarta-feira, frente ao Bolonha, para a Série A italiana, para onde se mudou nesta época após nove temporadas no Real Madrid..No discurso de vitória, após receber o troféu das mãos do presidente da FIFA Gianni Infantino, Modric não se esqueceu de Ronaldo (e de Salah) e começou por congratular os outros finalistas "pela fantástica época que realizaram". Antes da entrada para a gala, o médio croata já tinha sido interpelado sobre a ausência do internacional português e sobre se tinha voltado a trocar mensagens com ele, como revelou ter acontecido aquando dos prémios da UEFA. "Não, desta vez não falei", confessou Modric. "Cristiano leva estas coisas muito a sério", acrescentou. Mais tarde, já à saída, esclareceu que a ausência de Ronaldo não o incomodou. "É meu amigo", garantiu..Não é segredo para ninguém, de resto, que Cristiano Ronaldo se alimenta destes reconhecimentos. A forma como reagiu à vitória, em 2013, ainda é uma das imagens mais fortes da história destas cerimónias da FIFA. Na altura, o craque português não aguentou um choro emotivo quando recebeu aquele que era então o seu segundo prémio de melhor do mundo, interrompendo um domínio até aí avassalador de Lionel Messi, que já ganhara quatro. De então para cá, CR7 igualou o rival argentino (cinco para cada) e via neste ano a possibilidade de passar para a frente desse duelo que dominou o futebol mundial na última década - até porque o jogador do Barcelona, pela primeira vez em 12 anos, nem sequer tinha chegado ao lote de três finalistas (e também ele faltou à gala, alegando motivos familiares)..Mas o futebol reclamava mudança. O domínio de Ronaldo e Messi tinha deixado algumas vítimas "injustiçadas" pelo caminho, de Xavi a Iniesta ou até Ribery. Agora, Luka Modric surgiu no contexto certo a oferecer uma terceira via..Falta perceber se o croata assinalou definitivamente o final de uma era, abrindo o palco a outros protagonistas nos próximos anos, ou se apenas marcou um intervalo. Esse é o desafio que agora se coloca a Cristiano Ronaldo e a Lionel Messi. Conseguirão voltar a resgatar o trono que era deles desde 2008, ou cedem de vez à nova ordem que se perfila? Para o português, o desafio é suplementar, em época de mudança de equipa e de campeonato, do Real Madrid para a Juventus, da espetacular liga espanhola para a menos glamorosa Série A italiana. Mas tanto para um como para outro parece claro que o sucesso da operação de resgate passará pela conquista da Liga dos Campeões..Para já, o futebol terá o "rei Modric" para desfrutar durante um ano. No palco da gala londrina, o jogador croata lembrou que "esta é a prova de que com trabalho duro todos os sonhos podem tornar-se realidade" e endereçou uma emotiva homenagem ao capitão da geração croata que em 1998 chegou às meias-finais do Mundial de França, Zvonimir Boban, que não conteve as lágrimas na plateia. "Foi o meu ídolo, a minha inspiração. Espero que nós também possamos ser uma fonte de inspiração para as novas gerações.".Messi votou em Ronaldo.Curiosamente, Lionel Messi até decidiu estender neste ano uma mão a Cristiano Ronaldo nas votações para o prémio The Best. Ao contrário da habitual guerra-fria entre os dois, que sempre levara a que nenhum deles votasse no outro, o argentino colocou desta vez o português em terceiro lugar nas suas escolhas como capitão da seleção, atrás de Modric e do francês Mbappé. .Já o capitão da seleção portuguesa voltou a ignorar o argentino e elegeu o central francês Varane em primeiro, Modric em segundo e o avançado gaulês Antoine Griezmann em terceiro..Modric, curiosamente, teve as mesmas escolhas de Ronaldo, oferecendo o segundo lugar ao português com quem ganhou a Liga dos Campeões, a Supertaça europeia, a Supertaça espanhola e o Mundial de Clubes..Pode consultar aqui a lista com todas as votações..De resto, entre os restantes prémios atribuídos nesta segunda-feira, destaque para a presença do capitão da seleção portuguesa, pela 12.ª época consecutiva, no onze do ano da FIFA..Prémios The Best 2017-18:.Melhor jogador.Luka Modric, Cro (Real Madrid).Melhor treinador.Didier Deschamps, Fra (Seleção francesa).Melhor guarda-redes.Thibaut Courtois, Bel (Real Madrid).Equipa do ano FIFA/FIFPro.Guarda-redes: David de Gea, Esp (Manchester United)..Defesas: Dani Alves, Bra (Paris Saint-Germain), Sergio Ramos, Esp (Real Madrid), Varane, Fra (Real Madrid) e Marcelo, Bra (Real Madrid)..Médios: Luka Modric, Cro (Real Madrid), N'Golo Kanté, Fra (Chelsea) e Eden Hazard, Bel (Chelsea)..Avançados: Lionel Messi, Arg (Barcelona), Cristiano Ronaldo, Por (Juventus) e Kylian Mbappé, Fra (Paris Saint-Germain)..Melhor golo (Prémio Puskas).Mohamed Salah, Egi (Liverpool).Melhor jogadora.Marta, Bra (Orlando Pride).Melhor treinador de uma equipa/seleção feminina.Reynald Pedros, Fra (Olympique Lyon).Melhores adeptos.Adeptos da seleção do Peru.Fair play.Lennart Thy, Ale (VVV Venlo)
O mundo do futebol reclamava um novo rosto para o seu trono. Era um sentimento crescente entre aqueles que o alimentam, nas conversas que proliferam em redor do jogo. Uma década de duopólio entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, que dividiram entre si todos os prémios de melhor do mundo nos últimos dez anos, começava a sufocar o ambiente futebolístico, sedento de reconhecimento para "novos" protagonistas. Em ano de Campeonato do Mundo, o pretexto estava encontrado. E dele emergiu a figura de Luka Modric, consagrado nesta segunda-feira como o novo rei do futebol mundial, na gala da FIFA que atribuiu ao médio croata o prémio The Best da temporada 2017-18..A eleição de Modric - que ganhou com 29,05% dos votos, contra 19,08% de Ronaldo e 11,23% de Salah - marca sobretudo isso: o fim de uma era sem precedentes. Nunca o futebol tinha conhecido um domínio tão intenso por parte de dois dos seus intérpretes quanto aquele que Ronaldo e Messi perpetuaram desde 2008 até agora. Curiosamente, o lançamento de uma nova ordem no universo do futebol não chega ainda por um dos promissores rostos da nova geração, como o francês Kylian Mbappé ou o brasileiro Neymar, mas antes por um veterano médio que até aqui tinha vivido na sombra dos dois gigantes da última década..Modric capitalizou agora da melhor forma o excelente Mundial realizado com a sua seleção, uma Croácia que pela primeira vez chegou à final da mais importante prova futebolística do planeta, na qual Cristiano Ronaldo e Lionel Messi acabaram por sair de cena demasiado cedo. E foi esse o fator diferenciador que permitiu ao mundo do futebol concretizar a mudança ansiada..Luka Modric, o pequeno genial que sobreviveu às balas da guerra dos Balcãs nos anos 1990, liderou a Croácia até à final perdida para a França no Mundial. Marcou dois golos no torneio. Um deles, uma verdadeira joia frente à Argentina de Messi. E acabou eleito como o melhor futebolista do campeonato realizado na Rússia, mesmo não fazendo parte da seleção vencedora. Estava encontrado um novo rei..Ronaldo faltou.O começo de uma nova era já se fizera anunciar nos prémios da UEFA, que também elegeram o croata do Real Madrid como o melhor da época passada no futebol europeu, mesmo se na equipa merengue que conquistou a terceira Liga dos Campeões consecutiva se tenham destacado sobretudo os 15 golos de Cristiano Ronaldo ao longo do trajeto. Por isso, o português não se fez rogado em transmitir a sua insatisfação, não comparecendo no Mónaco, em agosto, para aplaudir o antigo colega de equipa. Como também não marcou presença, de resto, nesta segunda-feira, no Royal Festival Hall de Londres, para passar a coroa a Modric na gala da FIFA..O português, que tinha sido o único vencedor deste troféu desde que ele foi instituído em 2016 - após o final da parceria entre a FIFA e a revista France Football na atribuição da Bola de Ouro (que se mantém agora exclusivamente sob organização da publicação francesa que lhe deu origem e será atribuída em dezembro) -, fazia parte dos três finalistas ao prémio deste ano, juntamente com Modric e com o egípcio Mohamed Salah, mas não viajou até Londres, alegadamente por razões desportivas: tem jogo pela Juventus na quarta-feira, frente ao Bolonha, para a Série A italiana, para onde se mudou nesta época após nove temporadas no Real Madrid..No discurso de vitória, após receber o troféu das mãos do presidente da FIFA Gianni Infantino, Modric não se esqueceu de Ronaldo (e de Salah) e começou por congratular os outros finalistas "pela fantástica época que realizaram". Antes da entrada para a gala, o médio croata já tinha sido interpelado sobre a ausência do internacional português e sobre se tinha voltado a trocar mensagens com ele, como revelou ter acontecido aquando dos prémios da UEFA. "Não, desta vez não falei", confessou Modric. "Cristiano leva estas coisas muito a sério", acrescentou. Mais tarde, já à saída, esclareceu que a ausência de Ronaldo não o incomodou. "É meu amigo", garantiu..Não é segredo para ninguém, de resto, que Cristiano Ronaldo se alimenta destes reconhecimentos. A forma como reagiu à vitória, em 2013, ainda é uma das imagens mais fortes da história destas cerimónias da FIFA. Na altura, o craque português não aguentou um choro emotivo quando recebeu aquele que era então o seu segundo prémio de melhor do mundo, interrompendo um domínio até aí avassalador de Lionel Messi, que já ganhara quatro. De então para cá, CR7 igualou o rival argentino (cinco para cada) e via neste ano a possibilidade de passar para a frente desse duelo que dominou o futebol mundial na última década - até porque o jogador do Barcelona, pela primeira vez em 12 anos, nem sequer tinha chegado ao lote de três finalistas (e também ele faltou à gala, alegando motivos familiares)..Mas o futebol reclamava mudança. O domínio de Ronaldo e Messi tinha deixado algumas vítimas "injustiçadas" pelo caminho, de Xavi a Iniesta ou até Ribery. Agora, Luka Modric surgiu no contexto certo a oferecer uma terceira via..Falta perceber se o croata assinalou definitivamente o final de uma era, abrindo o palco a outros protagonistas nos próximos anos, ou se apenas marcou um intervalo. Esse é o desafio que agora se coloca a Cristiano Ronaldo e a Lionel Messi. Conseguirão voltar a resgatar o trono que era deles desde 2008, ou cedem de vez à nova ordem que se perfila? Para o português, o desafio é suplementar, em época de mudança de equipa e de campeonato, do Real Madrid para a Juventus, da espetacular liga espanhola para a menos glamorosa Série A italiana. Mas tanto para um como para outro parece claro que o sucesso da operação de resgate passará pela conquista da Liga dos Campeões..Para já, o futebol terá o "rei Modric" para desfrutar durante um ano. No palco da gala londrina, o jogador croata lembrou que "esta é a prova de que com trabalho duro todos os sonhos podem tornar-se realidade" e endereçou uma emotiva homenagem ao capitão da geração croata que em 1998 chegou às meias-finais do Mundial de França, Zvonimir Boban, que não conteve as lágrimas na plateia. "Foi o meu ídolo, a minha inspiração. Espero que nós também possamos ser uma fonte de inspiração para as novas gerações.".Messi votou em Ronaldo.Curiosamente, Lionel Messi até decidiu estender neste ano uma mão a Cristiano Ronaldo nas votações para o prémio The Best. Ao contrário da habitual guerra-fria entre os dois, que sempre levara a que nenhum deles votasse no outro, o argentino colocou desta vez o português em terceiro lugar nas suas escolhas como capitão da seleção, atrás de Modric e do francês Mbappé. .Já o capitão da seleção portuguesa voltou a ignorar o argentino e elegeu o central francês Varane em primeiro, Modric em segundo e o avançado gaulês Antoine Griezmann em terceiro..Modric, curiosamente, teve as mesmas escolhas de Ronaldo, oferecendo o segundo lugar ao português com quem ganhou a Liga dos Campeões, a Supertaça europeia, a Supertaça espanhola e o Mundial de Clubes..Pode consultar aqui a lista com todas as votações..De resto, entre os restantes prémios atribuídos nesta segunda-feira, destaque para a presença do capitão da seleção portuguesa, pela 12.ª época consecutiva, no onze do ano da FIFA..Prémios The Best 2017-18:.Melhor jogador.Luka Modric, Cro (Real Madrid).Melhor treinador.Didier Deschamps, Fra (Seleção francesa).Melhor guarda-redes.Thibaut Courtois, Bel (Real Madrid).Equipa do ano FIFA/FIFPro.Guarda-redes: David de Gea, Esp (Manchester United)..Defesas: Dani Alves, Bra (Paris Saint-Germain), Sergio Ramos, Esp (Real Madrid), Varane, Fra (Real Madrid) e Marcelo, Bra (Real Madrid)..Médios: Luka Modric, Cro (Real Madrid), N'Golo Kanté, Fra (Chelsea) e Eden Hazard, Bel (Chelsea)..Avançados: Lionel Messi, Arg (Barcelona), Cristiano Ronaldo, Por (Juventus) e Kylian Mbappé, Fra (Paris Saint-Germain)..Melhor golo (Prémio Puskas).Mohamed Salah, Egi (Liverpool).Melhor jogadora.Marta, Bra (Orlando Pride).Melhor treinador de uma equipa/seleção feminina.Reynald Pedros, Fra (Olympique Lyon).Melhores adeptos.Adeptos da seleção do Peru.Fair play.Lennart Thy, Ale (VVV Venlo)