Luís Raposo não é reconduzido

O diretor do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), Luís Raposo, disse hoje à Agência Lusa que não foi reconduzido no cargo, "por depacho da tutela, sem invocação de quaisquer razões". O diretor do Instituto de Museus e Conservação, João Brigola considerou a situação "normal".
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O mandato de Luís Raposo, há um ano à frente do MNA, termina no dia 28, tendo recebido quinta-feira o despacho da secretaria de Estado da Cultura.

Luís Raposo que está ligado há 30 anos ao MNA onde é "arqueólogo de base", afirmou que irá "refletir sobre quais os fundamentos que motivaram esta decisão".

"Voltarei à minha condição de arqueólogo de base e poderei finalmente estudar as muitas coleções que trouxe para o museu, fruto das escavações que fiz, e que ficaram por estudar devido às funções diretivas que entretanto assumi", afirmou.

Luís Raposo reconheceu que a "posição de combate, de crítica e de oposição" à mudança do MNA para a Cordoaria lhe trouxe "uma grande exposição", mas recordou o apoio que, na altura, teve do PSD, que fazia oposição e atualmente está no Governo.

Luís Raposo é presidente eleito do ICOM Portugal (Conselho Internacional de Museus) e representante, também eleito, da Rede Portuguesa de Museus no Conselho Nacional de Cultura. Destacou-se nos últimos meses como uma das vozes mais críticas a medidas da SEC como o fim da gratuitidade dos museus aos domingos.

O diretor do IMC afirmou à Lusa que a não recondução de Luís Raposo à frente do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) é "uma situação normal".

"É um situação normal, não há nada de particularmente especial ou excecional, é uma situação normalíssima que aliás vai ser em breve a norma, até pela lei dos novos dirigentes", disse João Brigola que afirmou que a não recondução de Raposo "não significa necessariamente uma avaliação negativa do seu desempenho".

"A norma de tempo de serviço está a ser cada vez mais implementada na função pública e, a meu ver, até muito bem. Trata-se de um ato absolutamente normal e há diretores que estão há imensos anos no cargo e compete à tutela fazer uma avaliação se é oportuno ou não, abrir concurso", declarou Brigola que referiu que, além de Luís Raposo, também a diretora do Museu Dr. Francisco Manso, na Nazaré, Doris Santos, não foi reconduzida no cargo.

O ano passado não foram reconduzidas as diretoras do Museu de Aveiro e a dos Museus da Cerâmica e José Malhoa, nas Caldas da Rainha, tendo sido aberto concurso, disse ainda o responsável.

João Brigola esclareceu que segundo a lei, os dois diretores se mantêm em funções até final de fevereiro e "entram em gestão corrente a 01 de março, até 90 dias no máximo", período durante o qual deverá ser lançado novo concurso.

Todavia, o responsável sublinhou que estamos "numa situação atípica" pois nessa altura "entrará em funções uma nova equipa com a Direção-Geral do Património, e é preciso lembrar que uma nova lei orgânica faz cair todas as chefias".

Questionado pela Lusa sobre qual o futuro da Casa da Arqueologia, projeto do anterior Governo, que agregava na Cordoaria Nacional, em Lisboa, o MNA e vários serviços de arqueologia como laboratórios e biblioteca, Brigola respondeu que caberá à atual secretaria de Estado responder, na medida que é "uma definição estratégica".

João Brigola acrescentou todavia que, com a atual equipa do IMC, "essa questão nunca foi abordada".

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