Lugo pretende voltar a ser candidato em 2013

O presidente destituído do Paraguai indicou hoje que não descarta a hipótese de ser novamente candidato às eleições presidenciais de 2013. Numa entrevista publicada pelo jornal brasileiro 'Folha de São Paulo', Fernando Lugo diz que o facto de ter sido destituído altera a interpretação da disposição contida na Constituição do Paraguai que não permite a um Presidente ser reeleito.
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"Com este golpe de Estado parlamentar, perdi o meu estatuto de senador vitalício e voltei a ser um cidadão comum e, como cidadão comum, posso exercer os meus direitos políticos. Entre eles há a possibilidade de [apresentar] candidaturas presidenciais", explicou Lugo.

"É algo ainda a estudar", respondeu o ex-presidente, quando questionado sobre se os seus direitos incluiriam uma candidatura às eleições presidenciais de 23 de abril de 2013.

É preciso ver "se há uma possibilidade jurídica e política e é isso que vão decidir os cidadãos. O caminho é longo, mas a última palavra ainda não foi dita", afirmou o ex-presidente.

Lugo considerou igualmente que a sua destituição representou "uma rutura institucional violenta, em razão da força como agiu no Parlamento" e estabeleceu um paralelo com o derrube do presidente Manuel Zelaya nas Honduras em 2009.

Eleito por cinco anos em 2008, depois de 62 anos de reinado conservador, Lugo foi destituído na sexta-feira no Parlamento após um processo político que durou menos de 48 horas. O Paraguai foi dirigido entre 1954 e 1989 pelo ditador Alfredo Stroessner.

O Congresso acusou Lugo de "ter cumprido mal as suas funções", depois dos violentos confrontos a 15 de junho entre polícias e camponeses sem terra, os quais causaram 17 mortos.

Foi substituído pelo seu vice-presidente, Federico Franco, o qual não foi reconhecido por nenhum Governo da América Latina.

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