Loureiro dos Santos: Marcelo recorda general, patriota e pensador de Portugal

Presidente da República foi apresentar condolências à família do general Loureiro dos Santos na capela da Academia Militar do Exército.
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O Presidente da República recordou este domingo o general Loureiro dos Santos, que faleceu sábado, como "um patriota", uma "personalidade consensual" nas Forças Armadas e no país e um "pensador de Portugal e do mundo".

"É uma grande perda mas deixa um exemplo, um exemplo muito importante nestes tempos em que o valor da Pátria, da identidade nacional e da independência nacional, do prestígio e do respeito das Forças Armadas são valores essenciais", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente e comandante Supremo das Forças Armadas falava aos jornalistas após apresentar condolências à família do general na capela da Academia Militar, em Lisboa, após regressar a Lisboa vindo da Guatemala, onde participou na Cimeira Ibero-Americana.

Marcelo Rebelo de Sousa prestou homenagem ao militar, que teve um papel essencial na transição democrática e na "institucionalização das Forças Armadas" no período pós-revolucionário e como "pensador de Portugal e do Mundo".

Marcelo comparou ainda Loureiro dos Santos ao filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, que também se deslocou à capela para apresentar condolências à família.

Considerando Loureiro dos Santos uma personalidade que "suscitava consenso nacional", o Presidente realçou ainda a sua coragem e frontalidade, afirmando que "se discordava ao ponto de sair, saía, o que aconteceu várias vezes" - como aconteceu no caso da chamada "lei dos coronéis", quando se demitiu do cargo de chefe do Estado-Maior do Exército (CEME).

Num comentário à ausência de representantes dos partidos no velório, Marcelo disse acreditar que "certamente" estarão amanhã "para as cerimónias fúnebres", porque "se há hoje democracia partidária em Portugal isso deve-se largamente ao general Loureiro dos Santos".

O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, lembrou que o general também fez carreira académica e "deixa um legado que é riquíssimo", como intelectual e pensador. Além disso, "na ação política" deu um "contributo vital para a transição das Forças Armadas para o regime democrático".

O governante evocou uma frase do ex-CEME, ao dizer que as "Forças Armadas serviram o regime anterior, ajudaram a derrubá-lo e ajudaram a consolidar o regime democrático" saído do 25 de Abril de 1974.

Questionado sobre a eventual realização de um debate sobre o regresso do Serviço Militar Obrigatório (SMO), defendida nos últimos anos por Loureiro dos Santos embora em moldes diferentes do que existiu até 2004, o ministro recusou a ideia por considerar que esse modelo "pode ser necessário numa conjuntura, foi necessário no passado, mas na conjuntura atual não".

"Não creio que seja o caso", insistiu Gomes Cravinho.

Ramalho Eanes, antigo presidente da República, realçou que Loureiro dos Santos "ajudou a democratizar uma instituição [Forças Armadas], o que não era fácil durante o 25 de Abril e no PREC [Processo Revolucionário em Curso]".

Pelo velório passaram ainda Jorge Lacão, vice-presidente do Parlamento e em representação de Ferro Rodrigues, que se encontra na China, o major Mário Tomé, militar de Abril e antigo deputado da UDP, e o ex-ministro da Defesa Figueiredo Lopes (PSD), além de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal.

Da hierarquia militar estiveram o ´chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, e o atual CEME, general Nunes da Fonseca.

O general José Loureiro dos Santos, que também foi ministro da Defesa, morreu sábado em Lisboa, vítima de doença.

Nascido em Vilela do Douro, concelho de Sabrosa, no distrito de Vila Real, em 02 de setembro de 1936, José Alberto Loureiro dos Santos foi ministro da Defesa Nacional entre 1978 e 1980 nos IV e V Governos Constitucionais, chefiados por Carlos Mota Pinto e Maria de Lourdes Pintassilgo, ambos executivos de iniciativa presidencial de Ramalho Eanes.

Militar do ramo de artilharia, Loureiro dos Santos foi ​​​​​​​ainda vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas em 1977 por nomeação do general Ramalho Eanes.

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