Londres identificou a poluição automóvel como dos principais alvos para atingir a neutralidade carbónica em 2030, pelo que pretende introduzir mais taxas para desencorajar o uso de viaturas na capital britânica, afirmou o Presidente da Câmara Municipal, Sadiq Khan..Idealmente, a autoridade metropolitana gostaria de introduzir um novo sistema simplificado de tarifação antes do final da década, substituindo as atuais Taxa de Congestionamento [Congestion Charge] e a Zona de Emissões Ultra Baixas [ULEZ]..O novo sistema faria os condutores pagarem por quilómetro conduzido, com tarifas diferentes dependendo do nível de poluição produzido, do nível de congestionamento na área e do acesso a transportes públicos..Porém, perante a dificuldade tecnológica de implementar já este modelo, Khan está a estudar medidas como introduzir uma "pequena taxa de ar limpo" diária para todos os veículos exceto os elétricos, para reduzir o congestionamento e o número de viagens curtas, e outra taxa para viaturas registadas fora de Londres..O relatório publicado esta terça-feira estima que mais de um terço das viagens de automóvel feitas pelos londrinos podem ser feitas a pé em menos de 25 minutos e dois terços podem feitas de bicicleta em menos de 20 minutos..Destaquedestaque"Uma das coisas que quero é evitar que uma crise de saúde, a pandemia covid-19, seja substituída por outra crise de saúde de uma má qualidade do ar".Para atingir a neutralidade carbónica em 2030, os autores do estudo estimaram que é necessária uma redução em 27% no número de quilómetros percorridos por automóveis ou carrinhas até 2030.."Uma das coisas que quero é evitar que uma crise de saúde, a pandemia covid-19, seja substituída por outra crise de saúde de uma má qualidade do ar", afirmou o político do Partido Trabalhista, numa conferência de imprensa para jornalistas estrangeiros..Embora nos últimos dois anos o número de londrinos que andam de bicicleta ou a pé tenham aumentado, o uso de transportes públicos caiu acentuadamente e o trânsito automóvel voltou a níveis quase equivalentes aos de antes da pandemia, disse.."Eu reconheço que algumas pessoas têm que conduzir, se são eletricistas, canalizadores ou taxistas. Queremos aliviar as nossas estradas para esses veículos e para os autocarros", defendeu..O 'Mayor' de Londres argumentou que esta é sobretudo uma questão de justiça social, porque "são os londrinos mais pobres, os menos propensos a possuir um automóvel, que sofrem as piores consequências da má qualidade do ar, do congestionamento e das alterações climáticas"..No ano passado, a capital britânica registou temperaturas recorde no verão e inundações súbitas, e a autarquia estima que 25% das estações de comboio, 20% das escolas e quase metade de hospitais, além de centenas de milhares de casas, correm risco no futuro se a crise climática se agravar..Enquanto presidente do C40, o grupo de 97 cidades em todo o mundo, incluindo Lisboa, Khan considera que vão ser os autarcas os principais a tomar medidas com impacto para combater as alterações climáticas.."Nós cidades, seja Lisboa ou Londres, estamos a mostrar como estamos tomar medidas corajosas para resolver a questão da qualidade do ar, mas também enfrentar também a emergência climática", afirmou.