A localização do novo Centro Hospitalar do Oeste (CHO) vai ser anunciada em março, mas já está a provocar atrito entre autarquias e acusações de eventuais favorecimentos pois a possível decisão não é consensual entre os membros da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM). O CHO integra atualmente os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche..Um estudo encomendado pela OesteCim à Universidade Nova de Lisboa, e cujos resultados foram apresentados em 21 de novembro, determinou que o melhor local para o centro hospitalar seria o Bombarral. Este trabalho teve em conta dois critérios para avaliar a localização do hospital: o tempo e a distância..O grupo que decidirá a localização deste hospital será liderado por Ana Jorge, ex-ministra da Saúde. Entre as suas tarefas está a análise técnica para decidir onde será o hospital e o acompanhamento de todo o processo "desde a fase de preparação e lançamento do concurso até à edificação e equipamento do novo Hospital", refere o Governo. A equipa liderada por Ana Jorge deverá "promover uma análise complementar e multidisciplinar da informação e dos dados existentes, nomeadamente do estudo técnico solicitado pela OesteCIM à Nova IMS - Nova Information Management School". Este estudo da Universidade Nova teve como principal consultor o também ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes..O Governo considera que os desafios reconhecidos na assistência hospitalar à população, a dispersão dos cuidados por três instituições hospitalares, a distância geográfica entre as diferentes unidades e a reduzida capacidade de atração e gestão de recursos humanos tornaram evidente a necessidade de um novo hospital naquela zona. O CHO chega a cerca de 300 mil habitantes da zona Oeste e a alguns concelhos de Alcobaça e Mafra..O presidente da Câmara de Caldas da Rainha, Vítor Marques, reconhece que "todos os estudos que se vão realizando apontam para a necessidade de um novo hospital que centralize as necessidades desta região". No entanto, entende que este deve ser integrado naquilo que é a rede hospitalar nacional, além de que os critérios devem ser mais vastos do que apenas o tempo e a distância. As necessidades dos utentes, dos funcionários do hospital e dos vários prestadores de serviços são questões que a autarquia entende que não foram considerados no estudo da Nova.."Consideramos que há aqui um conjunto de indicadores que estão enviesados. Queremos um hospital que de facto satisfaça as necessidades da zona oeste", afirma o presidente da autarquia..O "desconforto" da câmara parte, além dos alegados critérios insuficientes, da presença de membros do Partido Socialista (PS) tanto no grupo de trabalho que vai estudar a melhor localização como no painel que fez o estudo da Universidade Nova. Também a Câmara do Bombarral - apontada como a possível futura localização do centro hospitalar - é liderada por um autarca do PS. Além desta ligação aos socialistas, Vítor Marques não compreende o facto de o grupo de projeto criado pelo Governo ser composto apenas por pessoas ligadas à saúde e não terem sido consideradas outras áreas que o novo hospital pode impactar..As câmaras municipais de Caldas da Rainha e Óbidos estão convictos que a melhor localização para o hospital é nestes dois concelhos e já identificaram um local..Vítor Marques explica que a câmara está a reunir técnicos na área do território e da economia para chegarem a uma lista de critérios que também devem ser considerados na localização do novo hospital. A autarquia pretende entregar este estudo no início de março para que o grupo de estudo tenha tempo para o analisar e considerá-lo na sua decisão final..A autarquia fez também uma petição que vai entregar na Assembleia da República, pediu para ser ouvida na Comissão Parlamentar da Saúde e quer chegar, se for preciso, ao Presidente da República para que "não sejam cometidos os mesmos erros que foram cometidos em outras zonas do país"..sara.a.santos@dn.pt