Lobos em versão de luxo ao sol de Moscovo
A experiência acumulada pela seleção nacional de sevens após três temporadas com o estatuto de equipa residente no circuito mundial da World Rugby foi hoje posta em evidência na capital russa, com o sete de Pedro Netto a demonstrar uma clara supremacia sobre os adversários que encontrou pela frente - e que, com maior ou menor dificuldade, ultrapassou sem sobressaltos, conseguindo um "score" de 15-7 em ensaios. Sem o valioso Pedro Leal, rendido pelo jovem João Belo (CDUP), Portugal surgiu com Diogo Miranda como capitão e uma equipa experiente e rodada pelas World Series.
Sob um inusitado sol moscovita e no bonito e prático North Sport Complex Luzhniki (situado no meio de um parque de árvores frondosas ao lado do monumental estádio moscovita), mas com uma área de validação microscópica (e por isso perigosa) e apenas meia dúzia de espetadores a assistir - por mais que as entidades internacionais tentem, o râguebi continua a não ter os favores dos russos -, os Lobos iniciaram o Grand Prix 2015 em grande estilo diante da Bélgica... e aos 30 segundos Adérito Esteves, possante, ultrapassou facilmente um rival e inaugurava o marcador (7-0).
Os belgas ainda reduziriam para 7-5. E no pontapé de recomeço, uma violenta carga sobre Nuno Sousa Guedes, que disputava a bola todo no ar, viu o árbitro galês assinalar a evidente falta... deixando o óbvio cartão amarelo no bolso. E aí percebeu-se que, quanto ao nível das arbitragens neste Grand Prix, estávamos conversados...
Até ao intervalo Duarte Moreira e Charles Reymert fizeram ensaios, para 12-10 favoráveis aos Lobos no descanso. Mas no 2.º tempo, seria a vez de Adérito "abrir o livro" e com três ensaios de rajada, mostrar aos pobres "liliputs" belgas o que um "gulliver" lusitano, empenhado e poderoso, pode conseguir. E a partida terminaria com o 6.º toque de meta nacional por intermédio de Sousa Guedes, para finais e esclarecedores 38-10.
O segundo jogo diante da Inglaterra - que já apurada para os Jogos Olímpicos surgiu em Moscovo com uma equipa renovada e sem muitos dos nomes que se distinguiram no circuito mundial, onde terminaram num belo 4.º lugar - começou no pontapé de saída com uma carga sobre Carl Murray (seria substituído por José Lima pouco depois e já não deverá alinhar mais nesta etapa) mas ainda dentro do minuto inicial Duarte Moreira abria o marcador (5-0).
Num 1.º tempo em que Portugal dominou a posse de bola, perante ingleses que se limitavam a ver jogar, o sete nacional marcaria por mais três vezes (!), através de Sousa Guedes, bis de Duarte Moreira e João Lino, com Phil Burgess a atenuar o desaire para os ingleses, para fantásticos 24-7 ao intervalo.
Na 2.ª parte Pedro Netto não refrescou como devia uma equipa que, cansada e desatenta, veria o adversário fazer dois ensaios convertidos, para apertados 24-21 a 2" 30"" do fim. Só aí surgiriam as por demais necessárias substituições e com elas, apesar de não ganharem para o susto, os Lobos lá aguentaram o sofrido triunfo, decisivo para garantir o 1.º lugar no grupo.
Para finalizar o dia, a seleção nacional encontrou pela frente uma Lituânia que está a anos-luz nesta variante as diferenças cedo se começaram a notar, para um resultado ao intervalo de 19-0 graças aos ensaios de Duarte Moreira, Sousa Guedes e Vareta. O 2.º tempo recomeçou com um pujante sprint de Moreira para o seu 5.º ensaio do dia (melhor marcador do dia entre todas as seleções), com o jogador do Belenenses a sair lesionado do lance para ser de imediato rendido por Gonçalo Foro.
Os Lobos ainda fariam novo ensaio, por Bernardo Seara Cardoso e aí "fecharam a loja", permitindo aos lituanos marcarem por duas vezes, para um "score" final de 31-12.
Portugal alinhou com o seguinte sete nos três jogos: João Lino, Adérito Esteves, Diogo Miranda (cap.); Nuno Sousa Guedes, José Maria Vareta; Carl Murray (rendido por José Lima contra a Lituânia) e Duarte Moreira.
Neste dia inaugural para lá de Portugal também França e Rússia foram 100 por cento vencedores. E se há que contar os russos, aditivados por alinharem no seu próprio solo e que na próxima temporada estarão como residentes no circuito mundial, a equipa gaulesa - em passo de corrida, marcou 129 pontos e não sofreu nenhum! - surge nesta 1.ª etapa do Grand Prix com a maior dose de favoritismo ao aparecer reforçada por quatro grandes atletas do Top 14: Fulgence Ouedraogo (só capitão do Montpellier e 36 vezes internacional de XV gaulês), Romain Martial e Remy Grosso (Castres) e ainda o ponta franco-australiano Marvin O"Connor (Bayonne).
Amanhã Portugal começa o dia defrontando a Espanha, pelas10.22. Outros jogos dos quartos-de final: França-Lituânia, Inglaterra-Alemanha e Rússia-Gales.