Lobos continuam o seu calvário nos sevens do Cabo

Inexperiente seleção nacional de sevens ainda não sabe o que é vencer no circuito mundial desta época
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Portugal voltou a ter um sábado negro no que aos sevens diz respeito, com a imatura e inexperiente equipa de António Aguilar expondo, tal como há uma semana na etapa inaugural realizada no Dubai, todas as suas enormes fragilidades perante conjuntos muito mais bem apetrechados em termos técnicos e especialmente físicos. Formar uma seleção, para jogar neste elevado patamar competitivo, composta quase exclusivamente por miudagem (média etária de 21 anos e só três atletas têm mais de 20) só podia mesmo resultar nisto.

Diante de fortes e testados adversários, recheados de atletas possantes e rápidos como Austrália (6.ª no Dubai), Estados Unidos (3.º) e País de Gales (11.º), os jovens portugueses fizeram sempre a parte "do miúdo vai sempre atrás" concedendo a enormidade de 137 pontos nos três jogos, com tão-só dois ensaios alcançados e 21 concedidos - alguns deles tão, mas mesmo tão, facilitados... -, terminando o dia inaugural no último lugar do grupo C, só com (volumosas) derrotas.

No famoso e espetacular estádio de Newlands - onde o saudoso Jonah Lomu, nas meias-finais do Mundial de 1995, destroçou a Inglaterra com quatro ensaios da sua marca - Portugal começou diante da Austrália (que, vejam lá, batera por 12-10 na última vez que se tinham defrontado, março passado, em Tóquio) e nem deu para disfarçar as suas manifestas debilidades. Quatro ensaios dos Wallabies até ao intervalo (26-0) com os Lobos a não pisarem uma vez que fosse a área de 22 contrária, para 45-0 no final. E só a 20 segundos do fim e com o resultado feito, a seleção nacional se libertou da pressão adversária e aproximou-se da área de ensaio australiana através de uma iniciativa individual de Pedro Leal pelo lado fechado, que acabaria por perder-se - e com ela o desejado ensaio de honra.

Depois seguiram-se os atléticos Estados Unidos e logo no minuto inicial o "fórmula um" Perry Baker acelerou sem oposição para o ensaio inaugural. No descanso, a equipa de Mike Friday já tinha conseguido uma mão cheia de ensaios e vencia por 31-0, com dois deles, através de Folau Niua a surgirem no intervalo de apenas um minuto (!) e em lances a papel químico, com Portugal a falhar a receção de pontapés de recomeço adversários. Aliás, os Lobos ganharem uma bola de recomeço aos EUA é tão improvável como os norte-americanos trocarem embaixadores e estabelecerem relações diplomáticas com o Estado Islâmico...

Na 2.ª parte o massacre continuou até aos 45-0, altura em que Swiryn viu um amarelo. E com um homem a mais a seleção nacional lá conseguiria os primeiros pontos do fim-de-semana, com Pedro Leal - o jogador em atividade com mais pontos obtidos na história do circuito mundial (1152!) - a saltar do banco neste período a reduzir para 45-7. Mas um fabuloso sprint de Carlin Isles, o jogador mais rápido circuito (nem de moto o apanhavam!) faria o ensaio final, para concludentes 52-7.

A terminar a fase grupos os Lobos defrontaram Gales, que até aí somara também só desaires. E quando as coisas até seguiam equilibradas perante um adversário muito mais acessível, uma decisão no mínimo discutível do árbitro escocês Mike Adamson - assinalou ensaio de penalidade contra Portugal e excluiu por dois minutos, com amarelo, João Belo, por alegada placagem sem bola evitando ensaio galês já dentro da nossa área de validação - desequilibrou as forças em jogo, com claro prejuízo nacional. Mais dois ensaios galeses até ao intervalo agradecendo as muitas placagens falhadas pelos Lobos (cinco no total!), colocavam o resultado em já difíceis de alcançar 21-0.

No 2.º tempo e com Portugal, desorientado, a colocar por vezes Pedro Leal, talvez o jogador mais baixo do circuito, a discutir nas alturas (!) os pontapés de recomeço, Gales obteve mais três facilitados ensaios, até Vasco Baptista (CDUP), 19 anos, alcançar o ensaio de honra e primeiro da sua carreira internacional, estabelecendo os definitivos 40-5.

No primeiro dia do torneio em que a cidade do Cabo se estreia como hóspede da etapa sul-africana do circuito da World Rugby, a equipa da casa esteve na maior surpresa deste sábado, ao ser batida pelo Quénia (14-12), precisamente no Dia Nacional deste país africano, o que foi festejado como se de um título mundial se tratasse e serviu para os quenianos irem disputar a Cup, pois também empataram, surpreendentemente, com a Inglaterra. Outro resultado inesperado surgiu com o Canadá a derrotar a Nova Zelândia, por claros 24-12.

Com o último lugar no grupo C, Portugal foi atirado para a Bowl e começa por defrontar, amanhã de manhã, a Inglaterra (às 09.42), finalista vencida há oito dias no Dubai e inesperada 3.ª classificada do grupo B ao perder com a África do Sul no último jogo do dia. Caso vença - e seria caso para decretar feriado nacional! - disputará a meia-final com o vencedor do Canadá-Rússia (13.03) ou, se for derrotado, enfrentará o perdedor do mesmo confronto entre canadianos e russos (12.19), para as "meias" da Shield.

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