Lisboa na rota da arte roubada pelos nazis
A revista "Visão" escreve hoje que "durante o Terceiro Reich (1933-1945), o regime de Hitler pilhou tesouros artísticos de um valor incalculável. Parte do tráfico dessas obras passou por Portugal, convertido num entreposto para fazer chegar a arte roubada aos Estados Unidos. Envolvido nesse comércio esteve karl Buchholz, um marchand d'art alemão que, em 1943, fundou na capital portuguesa uma livraria-galeria, ainda hoje famosa".
Segundo a revista, "inscrito na Câmara do Reich para as Belas-Artes, o galerista e livreiro Karl Buchholz foi, juntamente com os especialistas Ferdinand Moller, Bernard Bohmer e Hildebrand Gurlitt, um dos quatro marchands autorizados pelo regime nazi, na segunda metade da década de 30, a comercializar obras tidas por Hitler como de "arte degenerada", e que, por isso, foram confiscadas a artistas e galeristas alemães ou retiradas dos museus públicos, em 1937 e 1938".
A "Visão" conta que "Buchholz chega a Lisboa em 1943 onde, no nº 50 da Avenida da Liberdade, abre uma livraria-galeria. manteve o estabelecimento que tinha em Berlim e outro idêntico em Bucareste, que criara em 1940. Dispunha, assim, de uma rede que abarcava toda a Europa, incluindo a capital portuguesa, tida como último porto, no velho continente, antes da América. Em muitos casos, os objetos de arte eram traficados para a América Latina, de onde, frequentemente, saíam para engrossar coleções nos EUA. A documentação da época cita testemunhos, como o do especialista Hans Schneider, segundo o qual "muitos dos quadros roubados foram enviados a partir de Espanha e Portugal para a Argentina". Os serviços secretos dos Estados Unidos identificaram pelo menos uma dezena de residentes em Portugal suspeitos de traficarem arte saqueada pelos nazis e Karl Buchholz estava no topo da lista".