Lisboa junta-se pela primeira vez à Noite das Ideias
"Não é uma comemoração histórica", garante Jean-Michel Casa ao DN. O embaixador de França em Lisboa explica que ao recuperar "A Imaginação ao Poder", palavras de ordem dos estudantes no Maio de 68, a 3.ª edição da Noite das Ideias pretende, sim, "devolver a palavra ao povo e reanimar o debate público". Com a capital portuguesa a juntar-se esta quinta-feira dia 25 pela primeira vez a uma iniciativa que abrange 60 cidades em França e mais de cem outras em 70 países mundo fora, o diplomata sublinha que entre as 19:00 e a meia-noite, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, os participantes vão "olhar para os grandes desafios de hoje e amanhã". Em todas as áreas. Da arquitetura ao ambiente, das novas tecnologias ao feminismo, da inteligência artificial à neurociência.
Ao todo serão umas 30 conferências de 20 minutos cada, com três ou quatro a decorrer ao mesmo tempo, permitindo a que estiver a assistir escolher o seu próprio programa. Esta "festa do pensamento", como lhe chama o embaixador Casa é organizada na capital portuguesa em parceria com a Fundação Gulbenkian, que recebe o evento. "A ideia não é ser um evento francês", explica ainda Casa, destacando a tradução simultânea disponível nas duas línguas.
A Noite das Ideias lisboeta conta com 20 participantes franceses, entre os quais os sociólogos Dominique Wolton e Eve Chiapello, o arquiteto Jacques Ferrier, o artista contemporâneo Xavier Veilhan, o filósofo Thierry Hoquet e a coreógrafa Magali Lanriot, e 20 portugueses, que incluem o filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, o musicólogo Rui Vieira Nery ou o físico e deputado Alexandre Quintanilha. Além de interlúdios artísticos, a Gulbenkian terá as suas exposições abertas nessa noite até à meia-noite.
Convencido que esta será apenas a primeira de muitas Noites das Ideias em Lisboa, o embaixador Casa faz questão de sublinhar: "Fazemos isto em todo o mundo. Em países com cultura democrática, como Portugal. Mas também na Palestina, na Venezuela. Porque é importante que nestes países também se debata".