Lisboa, caso "preocupante", marca passo no desconfinamento

Só quatro concelhos não passam à 4.ª fase do plano estabelecido pelo governo devido ao elevado número de infeções por covid-19. E porque há eleições autárquicas, Carlos Moedas apontou o dedo a Fernando Medina por causa da situação na capital.
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Mal, mas não assim tão mal. Resumindo, foi esta a ideia que o governo passou esta quarta-feira ao justificar que quatro concelhos, entre os quais Lisboa, não irão passar à próxima fase de desconfinamento. Os outros são Braga, Odemira e Vale de Cambra. Os restantes marcham para mais uma nova etapa.

Já se esperava esta deliberação do Conselho de Ministros, depois de o presidente da Câmara Municipal de Lisboa ter pré-anunciado que não havia condições para tornar a vida na capital mais livre. Os números crescente de novas infeções na cidade têm falado por si.

Foi na habitual conferência de imprensa, após a reunião do CM, que a ministra de Estado e da Presidência, explicou essa tal ideia do "mal, mas não mal", que atinge aos quatro concelhos, embora tenha usado a palavra "preocupante" no caso de Lisboa.

"Encontramo-nos, neste momento, com quatro concelhos que estão num nível que não lhes permite prosseguir o desconfinamento", disse Mariana Vieira da Silva e enquadrou que neste momento não existe nenhum concelho com mais de duas vezes 240 casos da covid-19 por 100 mil habitantes no caso das áreas de alta densidade populacional ou mais de duas vezes 480 casos por 100 mil habitantes no caso de concelhos de baixa densidade populacional.

Tal significa, disse, que "na próxima quinzena não teremos nenhum concelho a regredir nas regras de desconfinamento, temos sim quatro concelhos que não vão acompanhar o país no percurso de desconfinamento".

Os quatro concelhos não se encontram todos na mesma fase. Considerando a avaliação da semana passada, em que Golegã e Odemira ficaram na 3.ª fase do plano de desconfinamento, de 19 de abril, enquanto os restantes concelhos de Portugal Continental estavam no nível de 1 de maio (4.ª fase), ambos os concelhos avançam esta semana, mas para etapas diferentes. Odemira avança para a fase de 1 de maio - em que a maioria do país se encontra neste momento H e Golegã prossegue diretamente para a nova fase de 14 de junho, com um alívio das medidas de controlo da pandemia da covid-19.

Mariana Vieira da Silva informou ainda que há dez concelhos em situação de alerta, por terem mais de 120 casos da covid-19 por 100 mil habitantes para as regiões de alta densidade populacional ou mais de 240 casos por 100 mil habitantes para os territórios de baixa densidade, que são Albufeira, Alcanena, Arruda dos Vinhos, Cascais, Loulé, Paredes de Coura, Santarém, Sertã, Sesimbra e Sintra.

Em relação à situação epidemiológica do concelho de Odemira, a ministra explicou que a situação "é de uma grande flutuação populacional", o que dificulta o controlo de casos de infeção, mas a regra "é testar e isolar o mais rapidamente possível".

Sobre a região de Lisboa e Vale do Tejo, a ministra considerou que a situação "é preocupante", indicando que "os números não só têm crescido como há maior abrangência territorial, ou seja, mais concelhos que estão neste momento em situação de alerta".

"As explicações não me cabem a mim, mas também não são totalmente diretas. Aquilo que vemos é uma incidência nas camadas mais jovens, nas camadas não vacinadas, mas uma dispersão territorial significativa, o que dificulta uma qualquer conclusão relativamente à origem dos casos", apontou a governante, acrescentando que, neste momento, muitos dos casos estão associados a surtos, pelo que o importante é continuar "a aumentar e a fazer um esforço de testagem significativo".

O anúncio da retenção de Lisboa no mesmo nível de desconfinamento suscitou imediatamente a reação do principal opositor do presidente da Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas. "A decisão hoje conhecida de que Lisboa não avança no desconfinamento revela a inaptidão de Fernando Medina para liderar as políticas públicas da cidade de Lisboa", disse Carlos Moedas, em comunicado enviado à imprensa.

O candidato da coligação PSD/CDS/PPM/MPT e Aliança recorda que apresentou várias soluções, nomeadamente a testagem em massa logo após os festejos do Sporting, para que Lisboa tivesse um desconfinamento que transmitisse segurança e confiança aos lisboetas. Fernando Medina optou por ignorar o que estava à frente dos seus olhos.

"Fernando Medina falhou na prevenção, falhou na fiscalização e falhou na reação. Fernando Medina comporta-se como um espetador, limita-se a comentar o que vai acontecendo mostrando-se completamente alheio ao que acontece sob a sua responsabilidade. Fernando Medina revela ser incapaz de fazer as coisas acontecerem. A inação de Fernando Medina coloca em risco a recuperação e reconstrução de Lisboa em tempo de Covid e pós-Covid", assegurou Moedas.

Para os quatro concelhos que ficam na 4.ª fase do plano desconfinamento é permitido que restaurantes, cafés e pastelarias possam funcionar, quer durante a semana, quer aos fins de semana, até às 22:30, com a limitação condicionada a um máximo de seis pessoas por mesa no interior e 10 pessoas por mesa nas esplanadas; comércio em geral pode estar aberto até às 21:00 nos dias de semana e até às 19:00 nos fins de semana e feriados; e espetáculos culturais têm como hora limite as 22:30.

Na nova fase de 14 de junho do plano de desconfinamento, a partir de segunda-feira, que se aplica a 274 dos 278 concelhos de Portugal Continental, o comércio pode funcionar com o horário do respetivo licenciamento; os restaurantes, cafés e pastelarias (máximo de seis pessoas no interior ou 10 pessoas em esplanadas) podem funcionar até à meia-noite para admissão de clientes e 1:00 para encerramento; e os equipamentos culturais podem funcionar até à 01:00. Com Lusa

paulasa@dn.pt

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