Lisboa antecipa pedido de reflexão do Papa

Diocese de Lisboa realizou primeiro sínodo em 376 anos. Em Roma, Francisco apelou a "exame de consciência" no Natal
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No mesmo dia em que o Papa Francisco pediu um "exame de consciência" no Natal e que todos abandonem a busca "do êxito a qualquer custo" e o "prazer a qualquer preço", em Portugal o cardeal- -patriarca, D. Manuel Clemente desafiou as paróquias a tornarem-se verdadeiras comunidades de acolhimento para transformação da pessoa e do mundo. Duas mensagens que marcaram ontem o segundo domingo do advento cristão - tempo de preparação para o Natal.

"É necessário realizar uma mudança na nossa vida, um exame de consciência para deixar de lado essas atitudes: buscar o êxito a qualquer custo, buscar o poder em detrimento dos mais fracos e ter sede de riqueza e buscar o prazer a qualquer preço", disse Jorge Bergoglio a partir da varanda do Palácio Apostólico do Vaticano, após a missa dominical realizada na Praça de São Pedro.

Horas mais tarde, em Portugal (Torres Vedras) o cardeal-patriarca, Manuel Clemente, dava por encerrado o sínodo diocesano, o primeiro desde 1640, e que foi realizado para concretizar as "orientações do Papa Francisco", designadamente o reforço pela "opção missionária" e a "reforma das estruturas".

E uma das grandes reflexões desta assembleia que reuniu bispos, padres, leigos e consagrados, nos últimos cinco dias, à porta fechada, no Turcifal, foi a necessidade de haver "paróquias mais acolhedoras, mais disponíveis e mais atentas ao que se passa à volta em tempo de crise", como afirmou o cardeal-patriarca, D. Manuel Clemente.

Do sínodo diocesano - culminar de dois anos e meio de uma reflexão, em que participaram 20 mil pessoas - saíram quatro conclusões: a necessidade de a Igreja e as respetivas comunidades católicas "olharem mais para o mundo em que se inserem" e mostrarem-se "mais disponíveis" para acolherem quem as procura.

Para o cardeal-patriarca, as paróquias e comunidades terão de responder melhor aos problemas da sociedade, dando como exemplos o isolamento de pessoas, a deficiência ou a falta de ocupação de jovens. "Caminhar em conjunto" e apostar nas famílias para a sua evangelização são outras das conclusões, que vêm reforçar a missão da Igreja.

As conclusões do sínodo vão ser agora compiladas na Constituição Sinodal de Lisboa, que deverá ser apresentada nesta quinta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos, no dia da celebração da Imaculada Conceição. Esta reunião da diocese está também inserida nas celebrações dos 300 anos do Patriarcado de Lisboa.

O documento que foi discutido nos cinco dias de sínodo estava dividido em três capítulos. O primeiro propunha uma mudança de época e um "olhar de fé e esperança para a sociedade onde se insere a Igreja de Lisboa", segundo explicou o padre Rui Pedro, secretário do sínodo. O segundo capítulo pretendia encontrar critérios para a ação eclesial, o terceiro e último capítulo propunha que não se deixasse tudo na mesma. Um desafio "à procura de uma mudança em várias dimensões da vida em Igreja". A debater estas ideias estiveram 137 participantes na Assembleia Sinodal, entre clero, religiosos e leigos.

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