"Linha Wagner". Como as tropas russas estão a tentar travar avanços ucranianos

A linha que está a ser construída em Hirske, no leste do país, tem 24 quilómetros. Alegadamente, o plano será alcançar os 217 quilómetros de extensão.
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Os mercenários russos na Ucrânia estão há vários dias a construir uma linha de defesa para tentar travar a contraofensiva de Kiev em algumas regiões. É o caso de Hirske, no leste da Ucrânia, onde os combatentes russos preparam uma linha defensiva com cerca de 24 quilómetros.

Constituída por blocos de betão ou valas profundas, esta zona de defesa foi já apelidada "Linha Wagner", uma vez que é a empresa privada, próxima do Kremlin, que a está a construir. O objetivo, noticia o jornal italiano Corriere della Sera com recurso a imagens disponibilizadas pela CNN, é que a linha defensiva se vá estendendo para Leste, na direção de Kreminna (no oblast de Lugansk) e para sul. No total, deverá alcançar um total de 217 quilómetros e há, entre os meios militares, quem a compare com a linha Maginot francesa que não foi suficiente para deter as divisões alemãs na Segunda Guerra Mundial.

Perante as imagens que surgiram nos últimos dias, alguns analistas apontaram alguns pontos críticos à estrutura, como a habilidade dos soldados ucranianos em mover-se no terreno e em contornar eventuais obstáculos, e também o facto de os blocos não serem enterrados mas sim colocados no chão - o que, cita o Corriere della Sera, reduz a eficácia da construção.

No entanto, há quem veja pontos favoráveis para os russos. Outros analistas apontam que mais do que prevenir eventuais ofensivas, a intenção principal é atrasar os movimentos, forçar as tropas ucranianas a esperar algures onde possam ser atingidas pela artilharia assistida por drones, induzindo-as a procurar aberturas noutros locais onde possam acabar em armadilhas de fogo compostas por minas, morteiros e fogo de canhão, por exemplo.

A empresa Wagner não é uma estreante neste aspeto: na Líbia, já testara algumas táticas, como a escavação de fossos e o estabelecimento de bases para proteger o eixo de Sirta-Jufra. Liderada por Yevgeny Prigozhin - que diz-se ter a confiança absoluta de Putin -, a Wagner tem estado muito presente em cenários de conflito em África, em países como o Mali, onde terá substituído, inclusive, os militares franceses no terreno.

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