Linha do Vouga com 75ME para requalificação completa entre Azeméis e Espinho até 2025

A Associação de Municípios das Terras de Santa Maria considerou hoje que "é desta" que avança a requalificação da ferrovia entre Espinho e Oliveira de Azeméis, com os anunciados 75 milhões de euros para executar a obra até 2025.
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Representando os concelhos de Arouca, Espinho, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Vale de Cambra, a associação é presidida por Joaquim Jorge Ferreira, que, em declarações à Lusa, assumiu a sua "enorme satisfação" por ver o Governo reconhecer a importância da Linha do Vouga ao inclui-la no Programa Nacional de Investimentos (PNI) até 2030, mas calendarizando a sua modernização especificamente entre 2021 e 2025.

"Esta é a obra pela qual andamos a lutar há várias décadas", explicou o presidente da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM).

Os próximos dois anos serão de planeamento técnico "exigente e complicado", mas Joaquim Jorge Ferreira diz-se confiante: "É desta que vamos transformar a Linha do Vouga numa estrutura moderna, o que fará toda a diferença na mobilidade dos habitantes da região até ao Porto e também poderá ter consequências muito positivas ao nível da economia e do turismo".

Para o responsável, que também lidera a Câmara de Oliveira de Azeméis, o novo programa de investimento anunciado pelo Governo "absorve" o plano de 24 milhões que a Infraestruturas de Portugal apresentou em novembro para eletrificação do troço Espinho-Azeméis até 2021, automatização de passagens de nível e criação de um parque de material em Paços de Brandão, concelho da Feira.

"Esse planeamento agora deixa de fazer sentido, atendendo à obra maior, que é muito mais completa e vai avançar com duas coisas muito mais importantes que não estavam previstas antes: a alteração da bitola métrica de via estreita para via larga, indispensável para que a ferrovia possa integrar a Linha do Norte e viabilizar o acesso direto dos nossos 300.000 habitantes ao Porto, e a construção de um interface em Silvalde, para que quem usa o Vouguinha tenha ligação direta à estação de Espinho para seguir para o Porto ou para Lisboa sem ter que caminhar parte da cidade a pé, pela rua", disse Joaquim Jorge Ferreira.

Ao permitir a integração dos territórios da AMTSM na rede principal de mobilidade urbana do Porto, a construção do chamado "ponto de amarração à Linha do Norte" também "viabilizará a introdução do sistema Andante" na linha de comboio que em 2018 celebrou 110 anos de existência.

Estudos apresentados no ano passado situavam as necessidades de investimento do troço da Linha do Vouga entre Espinho e Azeméis na ordem dos 95 ou 165 milhões de euros, consoante a requalificação da via priorizasse apenas o transporte de passageiros ou também o de mercadorias. Mesmo no primeiro cenário, o plano do Governo fica 20 milhões aquém do necessário, mas Joaquim Jorge Ferreira defendeu que a diferença é um mal menor numa boa notícia.

"Ter os 75 milhões não é mau e quer dizer apenas que, para o que falta, teremos que arranjar financiamento, no que a própria Infraestruturas de Portugal pode encontrar soluções ao nível dos fundos comunitários", afirmou o presidente da AMTS.

Quanto aos efeitos das obras a executar até 2025, o autarca não tem ilusões: "Considerando que vamos ter que proceder a procedimentos tão complexos como a substituição de bitola e a correção do traçado da linha, é garantido que, enquanto a requalificação estiver a ser feita, a Infraestruturas de Portugal vai ter que assegurar transporte rodoviário alternativo para os passageiros da Linha do Vouga".

Circuitos mais rápidos, estações com melhor localização e carruagens novas são algumas das mudanças anunciadas para a fase final da empreitada, "que vai compensar largamente esses transtornos e garantir uma ligação eficiente do território da AMTSM ao coração da Área Metropolitana do Porto".

Para Joaquim Jorge Ferreira, trata-se, afinal, de "uma obra de inteira justiça para com os seis concelhos da região, dado o seu contributo para a economia nacional e para o Produto Interno Bruto do país".

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