Linha de apoio para famílias dos militares no exterior

Recentes confrontos com militares destacados na República Centro-Africana justificam criação de um número telefónico específico.
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O Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) vai criar uma linha de apoio telefónico para as famílias dos militares destacados em missão no estrangeiro, soube ontem o DN junto de fontes militares.

A medida, segundo uma das fontes, justificou a decisão com os acontecimentos recentes na República Centro-Africana (RCA) - em que os capacetes azuis portugueses foram atacados por grupos criminosos num bairro de Bangui - e com o facto de, por vezes, esses militares estarem longos períodos incontactáveis por exigências das operações.

O porta-voz do EMGFA confirmou a medida ao DN, mas indicou que ainda não há data para a sua implementação. Segundo o oficial, a decisão traduz o "sentido de responsabilização social" que as Forças Armadas têm de ter atualmente, em especial num tempo em que há dificuldades de recrutamento e retenção de efetivos nas fileiras.

Essa linha de contacto, que será um número fixo e não verde (gratuito), permitirá responder a dúvidas das famílias em situações onde não consigam falar com os militares no terreno - RCA, Iraque, Afeganistão ou Mali, por exemplo - por estarem em operações ou nos casos em que haja notícias de confrontos e haja incerteza sobre o ocorrido com a força portuguesa, explicou Coelho Dias.

Obter informações dos teatros de operações, estabelecer um contacto mais rápido em caso de necessidade ou ajudar as famílias com dificuldades de acesso às redes sociais ou que não tenham forma de as utilizar são outros objetivos equacionados, precisou ainda o porta-voz do EMGFA.

Haverá ainda uma outra finalidade dessa linha, de apoios aos cidadãos em geral - investigadores, por exemplo - que precisem ou procurem dados relativos à atividade do EMGFA, esclareceu Coelho Dias.

Diretiva organizacional

Outra novidade, sobre a qual Coelho Dias se escusou a falar, diz respeito à futura diretiva do chefe do Estado-Maior General (CEMGFA), almirante Silva Ribeiro.

Segundo fontes militares envolvidas no processo de elaboração do documento, este vai conter orientações nos domínios logístico, organizacional e operacional para os três anos de mandato do almirante Silva Ribeiro.

"Vai ser uma espécie de programa de governação" do CEMGFA, precisou uma das fontes, que estabelecerá os objetivos a alcançar nos próximos três anos pelo EMGFA - "o Estado-Maior de mais alto escalão nas Forças Armadas, o que nos obriga à pesada responsabilidade de guia e de exemplo da instituição militar", afirmou Silva Ribeiro no seu discurso de posse perante as Forças Armadas.

Nessa cerimónia, junto do monumento aos Combatentes, o almirante disse depois aos jornalistas que "o EMGFA necessita de ser reestruturado e redimensionado, porque quem precisa muito de efetivos são os ramos". Será assim a primeira vez que haverá, ao nível do Estado-Maior General, uma diretiva virada para a sua organização e que, admitiu uma das fontes envolvidas, vai "introduzir a gestão estratégica" para "melhorar a eficiência e eficácia" daquela estrutura de cúpula da instituição militar.

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