Liga inglesa bateu mais um recorde milionário

Pela primeira vez numa época, Premier League ultrapassou a fasquia dos dois mil milhões de euros em contratações
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O futebol inglês é cada vez mais um mundo à parte no que diz respeito aos valores movimentados na transação de jogadores. Na janela de mercado de inverno que encerrou na quarta-feira, os clubes da Premier League gastaram 490 milhões de euros na contratação de futebolistas, superando o anterior recorde desta janela, que era de 257 milhões de euros, em janeiro de 2011.

Na prática, as 20 equipas da Premier League gastaram, ao longo do último mês, mais do que as outras quatro principais ligas europeias juntas, as quais perfizeram 419 milhões de euros: Espanha (277), Alemanha (73), França (45) e Itália (24). Mais: juntando as janelas de transferências de verão e inverno, a Premier League bateu pela quinta época consecutiva o recorde de compras de jogadores, fixando-o pela primeira vez acima dos dois mil milhões de euros - 2120, segundo a consultora Deloitte.

Ou seja, em apenas quatro épocas - desde 2014-15 - o investimento dos ingleses na aquisição de jogadores praticamente duplicou. Angelino Ferreira, antigo administrador financeiro da SAD do FC Porto, considera que se constata "o crescimento económico-financeiro de algumas das principais ligas europeias", em especial Inglaterra, o que explica com "o crescimento das receitas dos direitos de transmissão televisiva da Premier League, que todos os anos aumentam".

Os clubes ingleses bateram ainda o recorde de transações registadas no último dia de mercado de inverno, pois durante o dia de quarta-feira foram investidos qualquer coisa como 171 milhões de euros, o anterior máximo vinha de 31 de janeiro de 2011, quando o volume de negócios foi de 154 milhões de euros.

Entre os clubes europeus, foi o Barcelona o que mais investiu nesta época, chegando aos 324 milhões de euros, superando o Manchester City que, na junção das duas janelas de mercado, chegou aos 318 milhões. O Chelsea ocupa o terceiro lugar do ranking desta época (253,8 milhões de euros), seguido pelo Paris Saint-Germain (238) e pelo surpreendente Everton (202,7).

O Barça consolidou a sua posição de líder do investimento graças aos 120 milhões de euros pagos ao Liverpool por Philippe Coutinho, que acabou por ser o jogador mais caro do inverno e permitiu ao clube de Anfield investir 78,8 milhões de euros em Virgil van Dijk, que se tornou no defesa central mais caro da história do futebol.

Liga portuguesa a empobrecer

Esta janela de mercado assinalou também um facto relevante para o campeonato português, que pela primeira vez teve um período de inverno em que as compras superaram as vendas, registando-se um saldo negativo de 14,54 milhões de euros, segundo os dados do site transfermarkt.com. E não propriamente porque os clubes nacionais tenham investido desenfreadamente - 17,95 milhões, menos do que na época passada. As vendas é que foram residuais (3, 40 milhões).

Angelino Ferreira considera que esta tendência tem que ver com "o empobrecimento do futebol português", que é resultado de "uma situação económico-financeira difícil". "Como não há capacidade de investimento, resta recorrer ao que têm em casa, ou seja, aos emprestados, no caso do FC Porto, ou à formação, como fez o Benfica", começa por dizer, lembrando que "por não haver capacidade de investimento preservam-se os ativos que existem , porque não se consegue repor qualidade". Além disso, Angelino Ferreira considera que, tendo em conta as "enormes" diferenças entre as receitas de televisão, "a distância entre a liga portuguesa e as cinco maiores da Europa vai aumentar ainda mais".

Neste inverno de 2018, o Sporting foi o mais ativo, tendo protagonizado o negócio mais avultado: sete milhões por Wendel.

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