Liga dos Bombeiros quer incidente no Túnel do Marão esclarecido com urgência

O incêndio de um autocarro com 20 passageiros, dentro do Túnel do Marão, obrigou ao corte do trânsito em ambos os sentidos
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A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) defendeu hoje que se deve esclarecer "o que de facto se passou" e com "caráter de urgência" no incidente com um incêndio de um autocarro no Túnel do Marão.

"Perante as dúvidas levantadas pelo Presidente da Câmara Municipal de Vila Real e depois pelo Senhor Secretário de Estado da Administração Interna, sobre as várias vicissitudes no que respeita à segurança do túnel e do sistema de alerta, aparentemente tardio para as forças de socorro, há que esclarecer o que de facto se passou", referiu o presidente da LBP, Jaime Marta Soares, numa nota enviada à Lusa.

O incêndio de um autocarro com 20 passageiros, da empresa Rodonorte, dentro do Túnel do Marão, ao quilómetro 74 da autoestrada do Marão, entre Amarante e Vila Real, obrigou, no domingo, ao corte do trânsito em ambos os sentidos, mas não causou vítimas.

O secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, ordenou hoje à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) a abertura de um inquérito ao incidente de domingo à noite.

Referindo que, "em devido tempo", a Liga "chamou a atenção para as questões relacionadas com a segurança do referido túnel", a nota da LBP frisa que "importa hoje reforçar a necessidade de, com caráter de urgência, as autoridades competentes esclarecerem todas as falhas (se existiram), de acordo com as posições públicas assumidas por estas mesmas autoridades".

A organização diz que a informação recolhida "no local do sinistro" junto dos agentes que prestaram socorro "comprova que estes desenvolveram com competência, rigor e profissionalismo, todas as técnicas e práticas necessárias para o êxito da missão, que lhes estava acometida", e a liga aguarda agora "pelo rápido desenvolvimento do inquérito e respetivas conclusões".

Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, o secretário de Estado da Administração Interna explicou que o objetivo do inquérito é apurar a hora da ocorrência, fluxos de alerta aos agentes de proteção civil e socorro e despacho de meios.

Avaliar a execução do plano de emergência interno e do plano prévio de intervenção, assim como a articulação entre a entidade gestora do Túnel do Marão e os agentes de proteção civil são outros dos propósitos.

A Infraestruturas de Portugal (IP) disse hoje que o plano de emergência do Túnel do Marão foi "prontamente ativado" no incidente de domingo à noite, garantindo eficácia no socorro prestado.

"Foi prontamente ativado [o plano] e cumpridos os procedimentos estabelecidos no plano de emergência", referiu, em comunicado.

Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Rui Santos, exigiu hoje um inquérito "exaustivo" ao incêndio de domingo à noite no Túnel do Marão, apontando várias falhas à segurança.

O autarca referiu que o facto de o centro de controlo de tráfego ter sido descontinuado em Vila Real e transferido para Almada, e de não terem sido feitos os simulacros que deveriam ter sido realizados, nomeadamente simulacros de incêndio, fez "com certeza" com que a resposta não fosse a "mais desejada e adequada".

O trânsito no túnel foi reaberto no sentido Vila Real-Porto, às 06:30 de hoje, mas a normalização da circulação poderá só estar restabelecida "dentro de alguns dias", informou a IP.

O Túnel do Marão, que liga Amarante, no distrito do Porto, a Vila Real, abriu em maio do ano passado e tem duas galerias gémeas, cada uma com duas faixas de rodagem e com um comprimento de 5.665 metros.

O incêndio com o autocarro de passageiros foi o primeiro acidente do género, em dimensão, ocorrido num túnel em Portugal.

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