Liga determina jogos profissionais com mínimo de 13 futebolistas por equipa

Na sequência do polémico jogo entre o Belenenses SAD e o Benfica, a LPFP determina que só se pode realizar um jogo com pelo menos 13 jogadores disponíveis por equipa. Mas este jogo não será repetido. O presidente do Belenenses SAD, Rui Pedro Soares, continuará a "fazer tudo" para que o jogo "seja repetido".
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A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) aprovou esta terça-feira uma alteração aos regulamentos das competições que prevê que um jogo só se possa realizar quando uma das equipas tiver, pelo menos, 13 jogadores disponíveis, incluindo um guarda-redes.

A medida, que foi hoje ratificada em assembleia geral do organismo, realizada do Porto, através de votação secreta, contando com um voto contra e dois nulos, vem alterar a anterior regulamentação, que previa um mínimo de nove jogadores por equipa, para que os jogos se pudessem realizar.

Esta nova disposição das regras surge na sequência do polémico jogo entre Belenenses SAD e Benfica, da jornada 12, realizado a 27 de novembro, em que a Belenenses, devido a um surto de covid-19, entrou em campo apenas com nove elementos, tendo a partida terminado no início do segundo tempo.

Na sequência desse incidente, a Belenenses SAD interpôs hoje na reunião magna da LPFP uma proposta com o objetivo dar efeitos retroativos à alteração regulamentar aprovada, para que o jogo com as 'águias' fosse repetido, mas a maioria dos clubes votaram contra a admissibilidade do documento, fazendo cair a pretensão da sociedade desportiva lisboeta.

"A proposta da Belenenses SAD suscitou dúvidas sobre a sua legalidade, o que motivou a um pedido de um parecer jurídico. Atendendo a essas dúvidas, e sendo esta questão prejudicial à discussão da própria proposta, colocámos a admissibilidade da mesma à consideração dos clubes, que decidiram não admiti-la", explicou Mário Costa, presidente da assembleia geral da LPFP.

Sobre a alteração aos regulamentos no que toca ao número de jogadores, Paulo Roseira, da direção da LPFP, explicou que o critério para aferir a disponibilidade dos atletas envolve quanto pontos.

"O mais evidente é o despiste positivo à covid-19 e/ou isolamento profilático dos jogadores, devidamente atestado pela Direção-Geral da Saúde", apontou.

É ainda contemplado "um surto de outra doença contagiosa, vírica ou bacteriana que tem de ser atestada por um médico do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", e também "casos de doença ou lesão, atestada pelo médico do clube e confirmada por um médico do SNS, num prazo de 24 horas".

Também é considerado como indisponibilidade de um atleta "a obrigação de cumprir sanção disciplinar de suspensão, comprovada pela LPFP".

Se alguns desses quatro pontos se verificarem, isoladamente ou cumulativamente, e levarem a que o clube não tenha 13 jogadores disponíveis, a decisão do adiamento será tomada pelo presidente da LPFP e de um diretor do organismo, sendo que a data do novo jogo terá de ser acordada entre os clubes, dois dias após a data inicialmente prevista.

Paulo Roseira lembrou que a possibilidade de fazer esta alteração aos regulamentos surge "ao abrigo do decreto de lei aprovado pelo governo, o ano passado, que permite a entrada em vigor de alterações regulamentares na própria época em que são aprovadas, num regime excecional derivada à situação de emergência causada pela covid-19".

Mário Costa, presidente da assembleia geral do organismo, acrescentou que a decisão da alteração deste regulamento e da não repetição do jogo entre Belenenses SAD e Benfica foi uma "tomada de posição soberana da maioria dos clubes"

"Surgiu um problema, e ele foi resolvido, porque os clubes tiveram essa consciência que havia uma lacuna. Toda a gente sabe que o que aconteceu não deveria ter acontecido, e agora não vale pena apontar culpas. Não foi bom ter um jogo de nove contra 11, mas não voltará a suceder", frisou.

À margem deste assunto, o dirigente referiu que "não foi discutida ou abordada" nesta reunião a possibilidade de uma nova redução da lotação dos estádios para 50 %, a entrar em vigor entre 26 dezembro e 09 de janeiro de 2022, inserido no pacote de medidas de combate à covid-19 estabelecidas pelo governo.

O presidente do Belenenses SAD, Rui Pedro Soares, garantiu esta terça-feira que continuará a "fazer tudo" para que o polémico jogo entre a sua equipa e o Benfica, da 12.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, "seja repetido".

O dirigente mostrou-se inconformado com a decisão tomada esta terça-feira pelos clubes, na assembleia geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional [LPFP], em não admitir uma proposta visando a retroatividade na alteração dos regulamentos, que impõe que, a partir de agora, um jogo só se possa realizar quando uma das equipas tiver um mínimo de 13 jogadores disponíveis.

Nessa partida frente às 'águias', em 27 de novembro, o Belenenses SAD, devido a um surto de covid-19 no plantel, apresentou-se apenas com nove elementos, tendo o desafio terminado no início da segunda parte, quando Benfica já vencia por 7-0.

"Tudo fizemos para que esse jogo não se realizasse. Fomos obrigados a jogar senão tínhamos falta de comparência. Em todas as instâncias temos lutado para que jogo não seja homologado e seja repetido. A assembleia geral [da LPFP] entendeu que a nossa proposta, pelo efeito de retroatividade, podia ser ilegal, mas apresentámos um parecer que contraria essa ideia", disse Rui Pedro Soares.

O líder da Belenenses SAD lamentou que "esta tenha sido a primeira vez em 10 anos de dirigente que uma proposta colocada à assembleia não seja admitida à votação", considerando que "é mais uma excecionalidade de todo este processo".

"Já no passado estivemos sozinhos em alguns combates na Liga de Clubes, mas que mais tarde nos virem a dar razão. Tudo fizemos, e tudo vamos fazer, para que o jogo seja repetido. O que os clubes votaram hoje foi que a proposta retroatividade podia ser ilegal, mas pode haver outras instâncias que não o considerem", completou Rui Pedro Soares.

O líder da sociedade desportivo lisboeta considerou ainda que é "surpreendente que uma situação que afetou a imagem do futebol português de forma tão dura" não possa ser votada, entendendo ser "ilegal que na mesma competição desportiva haja regulamentos diferentes aplicados a casos diferentes".

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