Líderes de partido pró-curdo estão em prisão preventiva na Turquia

Copresidentes do Partido Democrático Popular foram detidos sexta-feira. Ação das autoridades turcas provocou reações indignadas no Ocidente
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Os líderes do principal partido pró-curdo na Turquia foram colocados em prisão preventiva, horas depois da detenção pelas autoridades turcas, no que parece ser uma nova etapa das purgas realizadas depois da tentativa de golpe de Estado em julho.

A prisão dos copresidentes do Partido Democrático Popular (HDP), Selahattin Demirtas e Figen Yüksekdag, e de outros membros provocaram reações indignadas no Ocidente, cujas relações com a Turquia já estão tensas devido às alegadas violações das liberdades individuais.

A decisão de colocar os dois líderes do partido em prisão preventiva foi tomada por um tribunal de Diyarbakir, no contexto de uma investigação de "terrorismo" relacionada com o PKK, segundo a agência pró-governo da Turquia Anadolu.

Cinco outros membros do HDP estão também em prisão preventiva em Diyarbakir e em outras cidades, segundo a mesma fonte. Três outros integrantes foram libertados e estão sob supervisão judicial.

O HDP, o segundo partido da oposição na Turquia, disse num comunicado que as prisões marcam "o fim da democracia" no país.

Pouco depois da detenção dos dois líderes políticos na noite de quinta-feira para sexta-feira, um carro-bomba atingiu um posto da polícia em Diyarbakir, "capital" da maioria curda no sudeste do país, matando nove pessoas, incluindo dois polícias, e deixando mais de uma centena de feridos, de acordo com uma fonte oficial.

O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, atribuiu o ataque ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma organização considerada terrorista pela Turquia, Estados Unidos e a União Europeia.

O atentado foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), por intermédio da agência de notícias AMAQ, órgão de propaganda da organização radical muçulmana, segundo o centro de vigilância dos movimentos 'jihadistas' SITE.

O líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, apelou aos seus combatentes na quinta-feira para atacarem a Turquia, como vingança do envolvimento da Turquia na luta contra o grupo extremista no Iraque e na Síria.

Os Estados Unidos, a França, a Alemanha e a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, mostraram-se preocupados com as prisões dos membros do partido de oposição.

Em Ancara, capital do país, várias dezenas de manifestantes que protestavam contra as prisões dos membros do HDP foram dispersos pela polícia com gás lacrimogéneo, segundo um fotógrafo da agência de notícias francesa AFP.

No fim de semana passado, dois membros do governo de Diyarbakir foram detidos e uma dezena de meios de comunicação pró-curdos foram fechados pró decreto.

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