Líder de gangue violento disfarçava-se de vendedor
Aos 27 anos, natural da Roménia, o homem detido é suspeito de liderar um grupo de nove compatriotas que atuavam encapuzados, com armas de fogo, para entrar pelos centros comerciais arrombando as portas de vidro.
Os outros elementos do grupo, alguns com treino militar, já tinham sido detidos mas, agora, os investigadores da Diretoria do Centro da Polícia Judiciária (PJ), em articulação com a Unidade Nacional Contra-Terrorismo, conseguiram deter, esta semana, na margem sul do Tejo, aquele que é o alegado mentor deste grupo organizado que protoganizou diversos assaltos, em vários pontos do país. O facto dele se movimentar regularmente entre Portugal, França e Roménia, "vinha criando dificuldades à sua interpelação pelas autoridades", refere um comunicado da PJ divulgado hoje. Segundo apurou o DN, junto de fonte deste processo, o detido apresentava-se como vendedor de automóveis e fala fluentemente português.
É extenso o rol de assaltos. Em Coimbra, no início de fevereiro, o assalto a uma perfumaria ficou marcado pelos momentos de terror quando o vigilante de um centro comercial, na zona da Solum, teve uma arma apontada à cabeça. Uma perfumaria foi o alvo. Mais tarde, noutra zona da cidade o grupo atacou uma ourivesaria/boutique de relógios. Mas não perderam tempo e, pouco depois, assaltaram uma ourivesaria num centro comercial da Figueira da Foz.
O método, esse, era sempre o mesmo: segundo fonte da PJ, havia um "núcleo duro de ataque", onde também o suposto líder integrava as vigilâncias aos locais a assaltar. Partiam portas e montras, usavam caixotes reforçados com pegas apropriadas, entravam de rompante e colocavam a 'mercadoria' numa carrinha furtada. Tudo, metodicamente planeado.
Como atuava, então, o cabecilha? De acordo com a mesma fonte, durante os roubos, ele dava as ordens e acompanhava tudo num veículo autónomo. Assim, se algo corresse mal, colocava-se de imediato em fuga. Foi o que aconteceu em Vila Real, já no fim de fevereiro. O grupo preparava-se para mais um roubo mas os vigilantes do centro comercial perceberam as movimentações e alertaram as autoridades. Nessa altura, foram detidos sete homens. Capuzes, martelos, machados, pés de cabra, dois veículos furtados eram os meios que pretendiam usar. Na altura, estes homens, com idades compreendidas entre os 19 e 34 anos, já eram suspeitos de outro assalto a uma perfumaria em Torres Novas. Em Junho, seriam detidos um homem e uma mulher, na margem sul, tendo-lhes sido apreendidos ouro, roupa e perfumes. Ao que o DN apurou, a mulher também teria funções de liderança nos roubos. Os factos iam ocorrendo em várias comarcas e a investigação é centralizada pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra.
De acordo com a mesma fonte, a mercadoria, que ascende a vários milhares de euros, seria escoada (em parte) através de recetadores em Portugal. Mas os artigos em ouro tinham como destino, maioritariamente, a Roménia. A base deste grupo situava-se na margem sul, onde o cabecilha deste 'gangue' foi detido sem oferecer resistência. A investigação da PJ prossegue. Os dez detidos - todos em prisão preventiva - serão julgados em Coimbra.