Liberais aveirenses contestam "candidato alienígena ao distrito"

Oito dos dez núcleos de Aveiro enviaram uma carta à direção de Rui Rocha a pedir justificações formais para escolha de Mário Amorim Lopes como cabeça de lista. Já foi marcada uma reunião.
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Oito dos dez responsáveis pelos grupos de coordenação local da Iniciativa Liberal existentes no distrito de Aveiro enviaram uma carta à Comissão Executiva, liderada por Rui Rocha, na qual exigem que "apresente as justificações formais" para a escolha do cabeça de lista por esse círculo nas próximas legislativas. Em causa está o facto de o economista Mário Amorim Lopes, que é deputado dos liberais na Assembleia Municipal do Porto, não ter, no entender dos subscritores do documento, ligação ao círculo pelo qual procurará ser eleito para a Assembleia da República.

A carta obteve resposta da Comissão Executiva nesta quarta-feira, comunicando que até ao final do ano será realizada uma reunião com as estruturas do partido no distrito de Aveiro para a apresentação formal do candidato e a discussão dos objetivos e estratégias na campanha eleitoral. Um dos subscritores do documento garantiu ao DN que não há motivos para que não seja possível trabalhar com o candidato, realçando que as principais objeções dos dirigentes aveirenses têm a ver com a forma como o processo foi conduzido.

Na carta de quatro páginas, a que o DN teve acesso, Mário Amorim Lopes é referido como "candidato alienígena ao distrito" e os dirigentes liberais aveirenses insurgem-se contra a forma como o seu nome foi apresentado ao Conselho Nacional do sábado, numa "decisão centralizada, que fere o conceito de autonomia dos núcleos", devido à recusa de Carlos Martins, deputado municipal em Santa Maria da Feira,que tinha sido proposto pelas estruturas locais como cabeça de lista por Aveiro. Além do "reconhecimento público" enquanto autarca do partido, destacavam-lhe o "currículo invejável", "reconhecimento regional" e "idoneidade e capacidade de assumir a função de deputado".

Dizendo-se surpreendidos "com o anúncio de que a lista por Aveiro seria encabeçada por um membro que não milita em nenhum núcleo do distrito, não é natural ou reside no distrito e não tem ligação aos membros do distrito, nem participa nas atividade da IL no distrito", os oito subscritores da carta enviada à equipa de Rui Rocha não pouparam nas palavras. "A situação representa uma total desconsideração pelos processos e por quem localmente trabalha para que a mensagem de mérito da IL chegue aos nossos concidadãos do distrito de Aveiro. A escolha de um membro que não é um militante distrital é um insulto aos membros do distrito (por advogar a aparente impreparação de qualquer um dos seus membros para representar o partido na Assembleia da República) e uma afronta aos cidadãos do distrito de Aveiro, que dificilmente se sentirão representados por um agente estranho ao seu distrito".

Do Porto para Aveiro

Deputado municipal no Porto, eleito nas listas de Rui Moreira (que tem apoio da IL), Mário Amorim Lopes é vogal da Comissão Executiva eleita na convenção realizada em janeiro, na qual Rui Rocha derrotou Carla Castro na corrida à sucessão de Cotrim Figueiredo. A sua inclusão nas listas do partido em lugar potencialmente elegível era dada como muito provável dentro do partido, mas na lista do Porto. Porém, mantiveram-se nos dois primeiros lugares nesse círculo os atuais deputados, Carlos Guimarães Pinto e Patrícia Gilvaz, cabendo o terceiro a Albino Ramos, coordenador no concelho do Porto.

Apesar de os liberais não terem conseguido eleger nenhum deputado por Aveiro nas legislativas de 2022, quando a lista foi encabeçada pelo atual conselheiro nacional Cristiano Santos - um dos 11 que votaram contra a proposta única de nomes de candidatos apresentada pela Comissão Executiva, já sem a presença de Carla Castro, e com Mariana Leitão e Angélique da Teresa em lugares elegíveis por Lisboa -, os 4,47% obtidos foram o sexto melhor resultado em percentagem. Na carta destaca-se que ficaram acima dos 4,33% em Braga, onde Rui Rocha foi eleito deputado - e procura agora reeleger-se.

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