Letónia quer proibir véu que cobre o rosto. Só três mulheres o usam no país
O governo da Letónia prepara legislação para proibir o uso do niqab, o véu islâmico que cobre o rosto deixando apenas os olhos visíveis, segundo escreve esta terça-feira o jornal norte-americano The New York Times. Estima-se, no entanto, que apenas três mulheres em todo a pequena nação báltica usem este véu. A legislação não teria impacto no uso do hijab, o véu islâmico que cobre o cabelo e o pescoço e que é o preferido da maioria das muçulmanas.
Para a ministra da Justiça da Letónia, Dzintars Rasnacs, não interessa quão poucas pessoas usam o véu que tem intenção de proibir. É uma questão de princípio. "O trabalho de um legislador é tomar medidas preventivas", afirmou em entrevista ao The New York Times. Rasnacs defende que o interesse é o de proteger a cultura letã numa altura em que as migrações do Médio Oriente para a Europa estão a aumentar. "Não protegemos só os valores histórico-culturais da Letónia, protegemos os valores histórico-culturais da Europa", acrescentou. A ministra, que pertence a um partido anti-imigração, prevê que a lei entre em vigor no início de 2017.
A antiga presidente Vaira Vike-Freiberga é outra figura política a mostrar preocupação com o niqab. "Qualquer pessoa pode estar debaixo de um véu ou de uma burca", afirmou. "Podias trazer uma bazuca debaixo do véu. Não tem piada".
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Liga Legzdina nasceu na Letónia e é uma das três mulheres que, no pequeno país de dois milhões de habitantes, opta por usar o niqab, o véu que cobre todo o rosto exceto uma fina linha para os olhos. Legzdina converteu-se ao Islão após uma viagem ao Egito quando era adolescente, e o seu marido juntou-se a ela nessa religião quando se casaram.
Com 27 anos, Legzdina estuda medicina na capital da Letónia e denuncia o preconceito com que se depara todos os dias. Fá-la rir, no entanto, a surpresa dos que a mandam "voltar lá para a terra" de onde veio, quando responde em letão perfeito. "Se têm assim tanto medo, mostram que não são fortes e que não acreditam na própria cultura", disse Legzdina ao New York Times.
A Letónia tem tido um crescente movimento anti-imigração em particular vinda de países de maioria muçulmana. Este medo dos muçulmanos, cuja comunidade é de apenas algumas centenas no país, intensificou-se após o antigo presidente do Centro Islâmico Letão, Oleg Petrov, ter partido para a Síria para lutar junto do grupo terrorista Estado Islâmico.
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