Letizia enviou sms a insultar jornal. Uma carta aberta foi a resposta

Diretor do "El Mundo" criticou de forma dura a atitude da Rainha de Espanha
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O sms que Letizia enviou e é agora notícia data de outubro de 2014, pois só esta semana é que o jornal espanhol eldiario.es publicou as mensagens que os reis de Espanha enviaram ao empresário Javier López Madrid, quando este foi envolvido no escândalo da fraude com cartões de crédito da Caja Madrid e Bankia. A rainha de Espanha, que fazia ioga com a mulher de Javier, ficou indignada com uma notícia do El Mundo que falava sobre o envolvimento do amigo no desfalque financeiro, e decidiu manifestar o seu apoio através da aplicação Whatsapp: "Escrevi-te quando saiu aquele artigo dos cartões na merda da LOC [La Otra Crónica, o suplemento cor-de-rosa do jornal] e sabes o que penso, Javier. Sabemos quem és, sabes quem somos. Conhecemos-te, queremos-te, respeitamos-te. O resto, merda. Um beijo compi yogui (tenho saudades tuas)." No mesmo dia em que a mensagem chegou aos jornais, Iñaki Gil, diretor adjunto do El Mundo, publicou uma crónica online com o título: "Sou o chefe "da merda da LOC" e espero, majestade, que nos continue a ler."

Na coluna de opinião, o jornalista anuncia uma longa "carta aberta a Sua Majestade a Rainha de Espanha, do diretor adjunto do El Mundo, Iñaki Gil" e começa logo por lembrar Letizia da sua função na Casa Real. "Permita-me que me dirija a si com o tratamento que a rainha de Espanha merece. Além do mais, não tenho a sorte de pertencer ao seu círculo de amizades para chamá-la simplesmente de Letizia e ainda menos de Ltzia [aludindo à forma como o nome da rainha estava escrito nos contactos do telemóvel de Javier López Madrid]. Também não ousaria dirigir-me a si como "compi yogui". Porque não faço ioga. E porque não sou seu companheiro. Nem seu colega", escreve o diretor adjunto El Mundo, num registo irónico.

O jornalista continua o "ataque" - às vezes subtil e outras nem tanto - a Letizia, e escreve que fica feliz por ela ser uma de "entre os seis milhões de pessoas que leem todos os meses La Otra Crónica". E continua: "É verdade que o seu desprezo constava de uma mensagem privada. Mesmo que o eldiario.es o tenha tornado público e que este tenha sido partilhado em muitas páginas web, não estou à espera de um pedido de desculpas. Talvez um esclarecimento. Pelo menos através de WhatsApp", escreveu ainda Iñaki Gil, que descreveu a mensagem de Letizia como "infeliz" e questionou-se sobre a amizade dos reis de Espanha com um empresário que está a ser investigado por ter usado cartões de crédito em benefício próprio, lesando um banco que foi resgatado com dinheiros públicos. Empresário este que Letizia garantia, no Whatsapp enviado, que conhecia bem.

"O nosso trabalho" "já foi o seu"

O diretor adjunto do El Mundo reconheceu que uma mensagem privada é sempre uma mensagem privada, mas relembrou a mulher de Felipe VI que esta não deveria deixar de comportar-se como uma rainha "nem por um segundo" e que não deveria tratar por "compi yogui" alguém que demonstrou "não ser de fiar". E despede-se assim: "Errar é dos humanos e retificar é dos sábios. Por isso, todos os companheiros do diário El Mundo e em especial aqueles que fazem La Otra Crónica não esperamos as suas desculpas. Basta-nos que nos permita continuar a fazer livremente o nosso trabalho, que já foi o seu."

Ainda não houve nenhuma reação por parte dos reis de Espanha a esta carta aberta e algumas publicações apontaram, no seguimento desta notícia, que os monarcas deixaram de conviver com Javier López Madrid desde que este começou a ser investigado, com outras 65 pessoas, por apropriação indevida de um total de 12 milhões de euros em recursos do Bankia e também por alegadamente ter financiado, ilegalmente, o PP.

Depois de a mensagem de Letizia ter sido tornada pública pelo eldiario.es, o Ministério da Justiça anunciou que vai investigar a fuga de informação, uma vez que as mensagens trocadas entre o empresário e os reis espanhóis fazem parte de um processo ainda em segredo de justiça. "Sempre que há uma fuga de informação que está submetida a segredo é aberta uma investigação. As investigações da revelação do segredo de justiça são muito complexas mas não deixam de ser feitas. Como sabem, a quebra do segredo de justiça é um crime", afirmou o ministro da Justiça espanhol aos jornalistas, quando confrontado com a publicação das mensagens.

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