Sem aquela economia cumulativa das biografias mais conformistas que estamos habituados a ver, Neruda surge como um grande fresco.
Não da vida do poeta Pablo Neruda mas de uma radiografia de um país atónito com uma ditadura sádica, onde um polícia frustrado vive obcecado em tentar capturar o poeta, aqui captado com a sua pose de vaidade e cabotinismo.
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O chileno Pablo Larraín não acerta sempre em cheio nesta fusão de poesia de Neruda com cinema de género (o thriller para grandes massas...) mas há sempre um valor de farsa lírica como se fosse um ensaio sobre a impossibilidade de completude.
Afinal de contas, este mito das letras poderá ser apenas uma projeção fantasiosa. Por demasiado perfeitinho que seja, é um muito recomendável espetáculo entorpecido de causas e efeitos...
E é engraçado perceber como depois, em Jackie, o realizador encontrou uma outra cesura...
Classificação: *** (Bom)