Larga maioria absoluta para May ou parlamento dividido. Tudo pode acontecer

Maioria dos jovens está ao lado dos trabalhistas de Corbyn. Esse eleitorado pode revelar-se determinante para o resultado das legislativas
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O mais provável é que os britânicos, que hoje vão às urnas, entreguem uma nova maioria ao Partido Conservador liderado por Theresa May. Pelo menos é para essa conclusão que apontam todas as sondagens. Mas a vantagem dos tories deverá ser, em princípio, muito mais curta do que era previsível a 18 de abril, quando a primeira-ministra anunciou a intenção de antecipar as eleições, inicialmente previstas apenas para 2020. Nessa altura eram 24 os pontos percentuais que separavam May e Corbyn nas intenções de votos. Hoje a distância entre um e outro é de apenas quatro. Se por acaso os trabalhistas conseguissem levar hoje a melhor nas urnas - abertas entre as 07.00 e as 22.00 -, estas legislativas ficariam para a história como uma das mais improváveis recuperações.

Apesar da proximidade em termos de intenções gerais de voto e de todos os estudos serem quase idênticos nesse aspeto, as diferentes empresas de sondagens, ao fazerem a extrapolação para número de deputados, têm modelos para todos os gostos. Um dos cenários da YouGov aponta, por exemplo, para um parlamento quase dividido ao meio, com os tories a conseguirem 304 dos 650 lugares disponíveis. Nesse caso May ficaria sem a maioria absoluta que neste momento detém, com 330 deputados do Partido Conservador. Este estudo contrasta, por exemplo, com os resultados obtidos aplicando o modelo da Universidade de East Anglia, que prevê 375 deputados para os tories - o que equivaleria a uma vantagem de cem lugares.

Algo que parece claro, de acordo com dados publicados no The Telegraph, é que a maioria dos defensores do brexit (62%) irá votar em Theresa May. E cerca de 50% daqueles que gostariam que o Reino Unido continuasse na União Europeia irão optar por Jeremy Corbyn.

Caso se confirme a vitória eleitoral da atual primeira-ministra, Theresa May - que, sem ir às urnas, substituiu David Cameron a seguir ao referendo - tornar-se-á, depois de Margaret Thatcher, a segunda mulher a vencer umas eleições legislativas no Reino Unido.

Caso a contagem de lugares no parlamento seja renhida, os líderes dos partidos mais pequenos podem vir a ter um papel relevante na próxima legislatura. Pensando em termos de brexit, que será sempre o assunto mais quente dos próximos longos meses, May poderá ter como adversários o Lib Dem, liderado por Tim Farron, e o Partido Nacional Escocês (SNP), de Nicola Sturgeon. Já os independentistas do UKIP estarão sempre ao lado da atual primeira-ministra nas negociações com Bruxelas.

O eleitorado mais jovem poderá revelar-se determinante no resultado eleitoral. Tal como mostram as sondagens e tal como o DN testemunhou nesta semana numa reportagem em Oxford, os mais novos estão maioritariamente ao lado de Corbyn e contra May. E, ao contrário do que é habitual, desta vez parecem determinados a ir votar em vez de optarem pela abstenção. Esse fator é, para os analistas, uma das razões para a recuperação do Labour nas intenções de voto.

Outro dos motivos para o encurtar de distâncias entre os dois principais partidos terá sido o facto de Theresa May não se sentir como peixe na água em ações de campanha, de certa forma ao contrário de Corbyn, mais dado ao contacto humano e mais capaz de conseguir empatia com os eleitores. "Cada vez mais parece um coelho encandeado com os faróis de um carro que se aproxima a uma velocidade mortal", escreve no El País o jornalista britânico John Carlin, em referência às entrevistas e aparições públicas de Theresa May no último mês.

Há dois anos, em 2015, algumas sondagens nas vésperas das eleições davam a vitória ao Labour, então liderado por Ed Miliband. A contagem acabou com maioria absoluta para os conservadores. Poderá hoje haver nova surpresa? Os resultados deverão ser conhecidos durante a madrugada de amanhã.

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