Labour procura a alma, entre o regresso à era Blair e o fantasma David Miliband

Após demissão de Ed Miliband na sequência da derrota eleitoral vários nomes surgem para lhe suceder à frente dos trabalhistas. Um deles é o seu irmão.
Publicado a
Atualizado a

David Lammy foi o primeiro a avançar na corrida à liderança do Labour. Mas o deputado de Tottenham, de 42 anos e um dos mais influentes negros no Parlamento britânico, promete ter muita concorrência, com a BBC a avançar ontem com uma boa dezena de nomes para suceder a Ed Miliband. Seja qual for o novo líder, depois da estrondosa derrota nas eleições de dia 7, os trabalhistas têm agora de encontrar novo caminho, com alguns nomes sonantes a apelarem ao regresso aos dourados anos Blair. E muitos a suspirar por ver David Miliband substituir o irmão.

Para o início desta semana está prevista a reunião da comissão executiva do Labour que deverá definir o calendário e procedimentos para a eleição do próximo líder. Harriet Harman assumiu a liderança interina, mas já anunciou que não pretende disputar o lugar. Andy Burnham, o ex-ministro sombra da Saúde, tem surgido como favorito das apostas e dos poderosos sindicatos, que veem nele alguém capaz de seguir a linha mais à esquerda.

A pressão dos sindicatos para avançar para a eleição do novo líder o mais rapidamente possível é denunciada pelos Blairites (os fiéis do ex-primeiro-ministro Tony Blair que com a sua Terceira Via conseguiu três mandatos consecutivos) que veem nela uma forma de travar os seus candidatos. Estamos a falar de Chuka Umunna, o ex-ministro sombra da Economia , Liz Kendall, ex-ministra sombra da Segurança Social, ou Dan Jarvis, ex-ministro sombra da Justiça. "Se for tudo muito rápido, Andy vai ganhar. Conhece bem o Sistema Nacional de Saúde, tem apoio dos sindicatos e da esquerda do partido, é deputado pelo norte de Inglaterra", disse ao Financial Times um deputado do Labour.

Quem pôs de lado uma corrida à liderança foi Alan Johnson. Mas o antigo ministro nos governo de Blair e Gordon Brown explicou que os trabalhistas têm de voltar a surgir como os campeões do voto aspiracional. Uma opinião partilhada pelo também ex-ministro Ben Brad-shaw, segundo o qual o próximo líder do Labour terá de "celebrar os empreendedores e criadores de riqueza e não deixar a impressão de que é parte do problema". Na BBC Radio 4, Johnson garantiu que o próximo líder tem "uma tarefa a dez anos". E criticou a decisão de Ed Miliband de renegar a herança dos 13 anos de governo Blair/Brown.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt