La Caixa quer trazer fundação e 45 milhões por ano para Portugal

Se a OPA do Caixabank sobre o BPI tiver sucesso o acionista La Caixa vai replicar em Portugal o modelo social da Fundação Bancária. Modelo de negócio a replicar em Portugal baseia-se numa aposta em escala e tecnologia
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A Fundação Bancária La Caixa, o maior acionista do CaixaBank - através do CriteriaCaixa, que tem 49% do banco espanhol -, quer trazer para Portugal cerca de 45 milhões de euros por ano para aplicar em obras sociais se a oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI tiver sucesso, disse ao DN/Dinheiro Vivo uma fonte próxima da administração da fundação.

O La Caixa já tem pequenas intervenções em Portugal - nomeadamente através de colaborações regulares com a Fundação Calouste Gulbenkian - mas o objetivo é implementar, através da obra social da fundação, as três linhas de apoio social onde a entidade mais aposta em Espanha.

A primeira é o projeto Incorpora, que visa promover a inserção laboral devido à elevada taxa de desemprego do país (12,4% em maio). Segue-se o Minobank, com linhas de microcrédito para empreendedores e pequenos negócios. Por fim, a ação feita com doentes terminais, estando a fundação a trabalhar para encontrar parceiros e desenvolver ações sociais relacionadas com cuidados paliativos e cuidados de saúde a doentes terminais.

O CaixaBank, acionista com quase 45% do BPI, lançou uma OPA sobre o capital que ainda não detém, oferecendo 1,113 euros por ação, numa operação que ainda aguarda as autorizações dos reguladores para ser registada no mercado - o objetivo é concluir a operação no quarto trimestre. Se for bem--sucedida, a OPA reforçará a aposta do La Caixa em Portugal, quer a nível de negócios quer na obra social, uma vertente muito vincada da fundação, em Espanha, onde desde 2008 que são investidos 500 milhões de euros por ano.

A fundação aposta em três áreas: a área social, que absorve a maior fatia (309 milhões de euros em 2016); a área de investigação e formação, que recebe 61 milhões de euros e, por fim, a divulgação da cultura e do conhecimento, com um orçamento de 130 milhões de euros, segundo os dados fornecidos por Esther Planas, diretora corporativa de finanças e meios da fundação, numa apresentação aos jornalistas em Barcelona.

Com a transformação do grupo em 2014, devido à imposição regulatória de se criar uma fundação bancária, alterando a estrutura organizacional do La Caixa, foi desenhado um plano estratégico. A principal aposta para os próximos anos será a área da investigação, sobretudo na biotecnologia, que tem um "grande impacto social e onde se prevê triplicar o investimento, passando a representar 20% do orçamento da fundação (60% continuará na obra social e a cultura receberá 20%).

Escala e tecnologia

O administrador-delegado do CaixaBank, Gonzalo Gortázar, frisou aos jornalistas portugueses em Barcelona a importância da obra social da fundação: "Todos os anos destinamos 500 milhões de euros para a sociedade, para acorrer a situações de pobreza infantil, inserção social, investigação e cultura."

O CaixaBank tem um modelo de negócio baseado na "escala e na tecnologia". Mas não só: "Combinamos a atividade financeira com a social através da Fundação Bancária La Caixa e é este modelo que queremos estender a Portugal."

O responsável admite que "a rentabilidade em Portugal é muito baixa e no BPI também, por isso o CaixaBank quer melhorar essa situação, aliás como já o tinha proposto na primeira OPA". O gestor não confirmou, contudo, os números avançados pela administração do BPI, que dão conta de que, com a OPA, serão cortados mil postos de trabalho. "Esse número não tem como base nenhuma informação nossa. Não temos qualquer estimativa de pessoas afetadas", garantiu.

A aposta na tecnologia, em Espanha, passa não só pelas aplicações para o telemóvel e para o computador e pela simplificação de processos, mas também pela aposta num banco exclusivamente no telemóvel. O ImaginBank é pensado para millennials, permitindo operações simples, sem comissões ou custos.

O banco está também a lançar um novo modelo de relação com clientes nas suas lojas, mais baseado numa experiência pessoal mas também mais próxima do cliente - com o gestor de conta a dirigir-se ao cliente em vez de o cliente ir ao balcão. "A lógica é ter um modelo semelhante ao das lojas da Apple, onde os clientes podem interagir com os equipamentos e com o gestor de conta", explica o diretor da área de Barcelona, Jordi Nicolau. O primeiro balcão com estas características está em Barcelona e o objetivo é espalhar pelo país cerca de cinquenta balcões com estas características de experiência digital, com o banco a tornar-se um local para esclarecimento de dúvidas e para uma maior proximidade com o cliente.

Até 2018, o CaixaBank quer ter trezentos balcões com estas características, embora mais pequenos do que as cinquenta principais lojas.

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