Kiefer Sutherland é o mais improvável dos presidentes
Designated Survivor pode ser ficção mas parte de um princípio real. A figura do "sobrevivente designado" existe desde o início da década de 1980 (marcada pela Guerra Fria) e serve para garantir a sucessão presidencial na eventualidade de um evento catastrófico/ataque terrorista durante uma ocasião em que estejam presentes as mais altas figuras de Estado norte-americanas. O "sobrevivente designado" é isolado em local secreto e protegido pelo FBI durante eventos como, por exemplo, tomadas de posse de presidentes.
Explicações feitas, é dessa premissa que parte a trama protagonizada por Kiefer Sutherland. Em Designated Survivor, o ator de 49 anos dá vida a Tom Kirkman, secretário de Estado da Habitação e do Desenvolvimento Urbano, que é escolhido para ser o "sobrevivente designado" durante o discurso sobre o Estado da União. Um aparente ataque terrorista mata todos os que poderiam suceder ao presidente dos EUA e Tom, ainda de jeans e ténis, assume um cargo para o qual todos pensam não estar minimamente preparado. "Ele não está nas graças do presidente e, por isso, atribuem-lhe o presente envenenado de ser o sobrevivente designado. Não é propriamente algo muito cobiçado", explica Kiefer Sutherland.
O ator confessa também que, quando leu o guião, o fez apenas por favor, sabendo de antemão que iria recusar o papel mas que, quando chegou a meio do primeiro episódio, percebeu que teria de aceitar interpretar Kirkman. "A série está maravilhosamente escrita. Permite-nos explorar coisas que estão a acontecer no nosso país e que, neste ciclo eleitoral, temos estado a debater. Como, por exemplo, as razões da frustração geral do eleitorado. Acabamos por ter, em Designated Survivor, um diálogo muito interessante sobre economia, questões raciais, diplomacia internacional", acrescenta.
Quinze anos depois da estreia de 24, na qual deu vida ao agente da Unidade Contraterrorismo Jack Bauer (papel que lhe valeu um Emmy e um Globo de Ouro), Sutherland volta a interpretar uma personagem inspirada nos acontecimentos políticos da atualidade.
O thriller político retratava o ambiente de paranoia e medo pós-11 de Setembro, o clima de ameaça constante de novos ataques terroristas e Bauer foi, em oito temporadas, o homem com a missão de repor a paz e combater ameaças. Agora, na pele do improvável presidente Kirkman, dividido entre fazer o bem e exercer o poder, Sutherland volta a personificar as fraturas de um país prestes a decidir o seu futuro político. Designated Survivor estreou-se há duas semanas nos EUA, visto por dez milhões. Os direitos internacionais foram adquiridos pela Netflix, tendo a série chegado a esta plataforma este fim de semana.
(notícia atualizada às 12.04 com informação da data de entrada de Designated Survivor à Netflix)