Khmers vermelhos condenados a prisão perpétua
Nuon Chea, considerado o ideólogo do regime e o seu número dois, e o presidente da denominada República Democrática do Kampuchea, Khieu Samphan, foram considerados "culpados de crimes contra a humanidade nas formas de extermínio, perseguição política e outras ações inumanas", lê-se na sentença pronunciada hoje em Phnom Penh num julgamento que contou com envolvimento de juristas internacionais e apoio das Nações Unidas.
Esta é a pena máxima a que podiam ser condenados, tendo o tribunal excluído a aplicação da pena de morte, escreve a AFP.
O juiz que preside ao tribunal, Nil Nonn, declarou que Nuon Chea, de 88 anos, e Khieu Samphan, de 83 anos, irão permanecer sob detenção apesar de os seus advogados terem anunciado que irão recorrer da sentença.
Os dirigentes dos khmers vermelhos foram detidos em 2007 e estavam a ser julgados desde 2011 naquilo que é considerado um "mini-processo" com o objetivo de ser possível uma sentença antes da sua morte, devido à sua avançada idade. Assim, este processe concentrou-se apenas na política de deportação forçada das populações urbanas para as áreas rurais após a tomada de poder por este grupo comunista em abril de 1975.
Inicialmente, quatro dirigentes dos khmers vermelhos estavam a ser julgados, mas dois deles, um antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Ieng Sary, morreu em 2013, aos 87 anos, e sua mulher, antiga ministra dos Assuntos Sociais, Ieng Thirith, foi considerada inimputável devido a demência, e libertada.
Até agora, apenas um outro dirigente dos khmers vermelhos, Kaing Guek Eav, responsável pela principal prisão do regime, a S-21, situada na capital, foi julgado e condenado, também a prisão perpétua, em 2012. O dirigente histórico dos khmers, Pol Pot, morreu em 1998, quando o grupo ainda mantinha ações de guerrilha contra o novo poder político, tendo sido afastado pouco antes da liderança do movimento.
O regime caiu em janeiro de 1979, após envolver-se num conflito militar com o Vietname.