Kerry reúne-se com Abbas e Netanyahu, mas em separado
Pelo menos um morto e 11 feridos num ataque a tiro e à facada no terminal rodoviário de Beersheva, no Sul de Israel. Um grupo de peregrinos judeus retirado pela polícia depois de ser atacado por palestinianos ao tentarem visitar o Túmulo de José em Nablus, na Cisjordânia. Várias cidades israelitas, entre elas Telavive, a proibir árabes israelitas de trabalharem nas suas escolas. É neste clima de medo e violência, que nas últimas semanas já matou sete israelitas e 40 palestinianos, que John Kerry, o secretário de Estado dos EUA, anunciou encontros com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e com o presidente palestiniano, Mahmud Abbas. Mas em separado.
"Nesta semana vou encontrar-me com o primeiro-ministro Netanyahu porque vai estar na Alemanha... e depois vou à região, vou reunir-me com o presidente Abbas, vou encontrar-me com o rei Abdullah [da Jordânia] e outros", afirmou Kerry na sede da UNESCO em Paris. O anúncio do chefe da diplomacia americana surge num momento em que EUA e Israel retomaram as negociações em Jerusalém sobre ajuda militar aos israelitas. Estas haviam sido suspensas por Netanyahu em protesto contra o acordo sobre o nuclear iraniano assinado em julho por EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha.
Apesar de Israel ter reforçado a presença dos militares nas ruas das principais cidades e de ter imposto bloqueios nos bairros de Jerusalém Oriental, os ataques, sobretudo à facada, multiplicam-se. Ontem a polícia abateu um dos autores do ataque na estação de autocarros de Beersheva. O outro foi transportado para o hospital com ferimentos graves, apesar das tentativas da multidão para impedir os paramédicos de o levarem do local.
Israel recusa apoio da ONU
Ontem ainda, Netanyahu recusou uma proposta de França ao Conselho de Segurança da ONU que solicitava a presença de forças internacionais na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental. "Israel não pode aceitar o projeto de resolução francês ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Não menciona a incitação palestiniana, não menciona o terrorismo palestiniano e apela para a internacionalização do Monte do Templo [denominação dos judeus para o recinto sagrado]", afirmou o primeiro-ministro na reunião semanal do governo.
As autoridades palestinianas acusaram Israel de tentar mudar o statu quo na Esplanada das Mesquitas devido às cada vez mais abundantes visitas de judeus nacionalistas que pretendem rezar no local. Os israelitas rejeitam as acusações garantindo que no local apenas são permitidas orações muçulmanas, mas que as visitas estão permitidas a todas as pessoas, independentemente da sua religião.
Num discurso no Vaticano, o Papa Francisco pediu ontem aos cidadãos e governos de Israel e Palestina "valentia para darem passos concretos" para a aliviar a tensão das últimas semanas.