Kentucky Derby. Os dois minutos mais excitantes do desporto

Hipódromo de Churchill Downs recebe a 143.ª edição da mais famosa corrida equestre dos Estados Unidos. Entre as tradições da prova estão uma bebida e um manto de 554 rosas
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Assegura no cartaz proporcionar "os dois minutos mais excitantes do desporto", um slogan de apresentação que foi ganhando corpo ao longo da história desta que é não só a mais famosa corrida de cavalos da América como também a mais antiga competição desportiva organizada anualmente, sem interrupções, nos Estados Unidos. Desde 1875 que o famoso hipódromo de Churchill Downs, em Louisville, recebe esta Kentucky Derby, que hoje terá a sua 143.ª edição (a corrida principal está agendada para as 23.46, hora portuguesa).

Os dois minutos que servem de referência à duração aproximada desta corrida de dois quilómetros (2012 metros para sermos mais exatos, o equivalente a "uma milha e um quarto", que é a medida oficial adotada) são uma barreira que só foi rompida por dois vencedores em toda a história da prova: a última delas em 2001, pelo puro-sangue Monarchos, que completou a corrida em 1:59.97 minutos.

Ora, esse tempo foi 57 centésimos mais lento do que aquela que se mantém como a marca recorde desta Kentucky Derby, obtida em 1973 pelo lendário Secretariat (1:59.40), que nesse ano ganharia mesmo a Triple Crown - como é conhecido o conjunto das três principais corridas de cavalos que se sucedem nos EUA entre maio e junho: Kentucky Derby, Preakness Stakes e Belmont Stakes.

Neste ano também não se antevê que o recorde da prova seja batido, já que a pista se deve apresentar enlameada, mas o lote de inscritos faz perspetivar uma das corridas mais abertas e imprevisíveis dos últimos anos, depois de quatro edições consecutivas em que a Kentucky Derby foi ganha pelo conjunto (cavalo e jóquei) favorito.

Hoje, entre os 20 concorrentes, os mais bem cotados são o Always Dreaming, montado pelo porto-riquenho John Velazquez, que já ganhou a prova em 2011 com Animal Kingdom, o Classic Empire, montado pelo francês Julien Leparoux, e o Irish War Cry, cujo jóquei é Rajiv Maragh, jamaicano que protagoniza uma daquelas histórias de superação à espera de saltar para as manchetes: Maragh é uma presença improvável em Churchill Downs, depois de ter estado 16 meses sem poder montar, por ter partido oito vértebras e perfurado um pulmão quando o cavalo com o qual corria em Belmont Park, em julho de 2015, caiu sobre ele após um incidente de corrida (mais um, numa carreira bastante acidentada).

Além disso, esta 143.ª edição da Kentucky Derby apresenta também entre os candidatos um cavalo com apenas um olho, Patch, e prossegue a hegemonia recente de jóqueis latinos (nove dos 20 à partida), que ganham consecutivamente desde 2011. Um deles é o mexicano Victor Espinoza, de 44 anos, que já ganhou a corrida com três cavalos diferentes, em 2002, 2014 e 2015 - nesse último ano, com American Pharoah, Espinoza tornou-se mesmo o mais recente jóquei a colecionar a Triple Crown e o primeiro desde 1978 (só 12 conjuntos o conseguiram em toda a história).

Esta hegemonia de jóqueis latinos é uma tradição moderna numa corrida recheada de outras tradições bem antigas, como o famoso mint julep, um cocktail de menta e bourbon (o whiskey americano próprio do Kentucky) servido em Churchill Downs desde 1939, ou os requintados chapéus das senhoras que acorrem ao hipódromo, por onde desfilam inúmeras personalidades da vida política, social e artística que também contribuem para o glamour da prova - até a rainha Isabel II, de Inglaterra, fez questão de visitar a corrida em 2007.

Parte da tradição faz também o manto de 554 rosas vermelhas destinado ao vencedor, um hábito introduzido em 1896 e que originou outra das alcunhas desta Kentucky Derby: The run for the roses. Uma corrida às rosas e aos euros, mais de um milhão (1,14) para o vencedor, que vai projetar hoje um novo nome para a glória da mais importante corrida equestre na América.

[correção: o hipódromo de Churchill Downs fica em Louisville e não Louisiana, como estava escrito numa versão anterior deste artigo. As nossas desculpas aos leitores]

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