Kenteris e Thanou condenados a 31 meses de prisão

Kostas Kenteris e Ekaterini Thanou foram condenados a 31 meses de prisão por terem prestado falsos testemunhos às autoridades. Um tribunal de Atenas puniu os medalhistas olímpicos gregos por terem forjado um acidente de moto na véspera da cerimónia de abertura dos Jogos de Atenas 2004, com o propósito de escaparem a um controlo de doping.
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O tribunal condenou também Christos Tzekos. O treinador dos velocistas, que esteve envolvido noutro caso judicial relacionado com o alegado abastecimento de substâncias proibidas a atletas, sofreu a punição mais pesada: 33 meses de prisão e 5000 euros de multa. As duas testemunhas do acidente simulado, e que também mentiram às autoridades, foram condenadas a penas entre sete e quinze meses. Os seis médicos que disseram ter assistido os atletas no hospital e que forjaram os relatórios clínicos foram condenados a sanções entre seis e oito meses de prisão.

O caso ocorreu na véspera do arranque dos Jogos Olímpicos (JO) de Atenas 2004. As brigadas de controlo de dopagem foram à Aldeia Olímpica à procura dos atletas, mas estes não se encontravam. Avisados pelo pessoal de apoio de que os oficiais antidopagem andavam à sua procura e que se deveriam apresentar de imediato para se submeterem aos testes, os velocistas e o seu treinador terão forjado um acidente de modo a escapar às análises.

Perante as suspeitas que se levantaram de imediato, Thanou e Kenteris (na foto) já não competiram nos JO, deitando por terra as maiores esperanças da Grécia em conquistar medalhas de ouro no regresso dos Jogos à sua terra de origem. Thanou tinha sido vice-campeã em Sydney 2000, nos 100m, e conquistara várias medalhas em Europeus e Mundiais. Kenteris era o rei dos 200m, com vitórias em Sydney 2000, nos Mundiais de 2001 e nos Europeus de 2002.

Ambos acabaram por cumprir dois anos de suspensão por terem faltado a vários controlos fora de competição, comportamento que, se for recorrente, é equiparado a um teste positivo. E foram também alvo de um inquérito na justiça penal helénica, que deu origem ao julgamento, cujo veredicto foi divulgado hoje.

De acordo com a agência EFE, o tribunal considerou que "o acidente nunca ocorreu", já que a moto ia a 20 quilómetros por hora. Também descartou a teoria de que havia óleo derramado na rua. O juiz Dimitris Lefkos disse ainda que o tribunal também não acreditou nas lesões sofridas no acidente e indicadas nos relatórios médicos, dando mais credibilidade à acusação, segundo a qual "nem Kenteris sofreu uma perda de memória temporária por alegas contusões cerebrais nem Thanou sofreu lesões musculares".

Os réus deverão beneficiar do regime de pena suspensa e evitar a prisão efectiva, mas a defesa já deu indícios de que deverá recorrer da sentença. Tanto mais que o tribunal não encontrou circunstâncias atenuantes para baixar as sanções aos atletas. "É simplesmente inacreditável recusar quaisquer circunstâncias atenuantes para campeões dos Jogos Olímpicos. Isto é concedido aos traficantes de drogas e criminosos. E agora nós temos esta decisão para dois atletas como se eles não tivessem dado nada ao país. É uma vergonha e eu tenho vergonha do meu país", atirou o advogado de Kenteris, Michalis Dimitrakopoulos.

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