Keir Starmer limpa a casa de corbynistas e não perde tempo

Novo líder foi eleito com 56,2% dos votos dos militantes no sábado e na segunda apresentou o seu governo-sombra.
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O novo líder do Partido Trabalhista tem pela frente vários desafios: unir o Labour num projeto que lhe abra as portas de Downing Street, lidar com o antissemitismo que abalou nos últimos anos o partido e responder ao coronavírus. Keir Starmer, que foi eleito no passado sábado com 56,2% dos votos, não perdeu tempo a lidar com eles.

Na segunda-feira, o ex-procurador-geral de 57 anos que foi o ministro-sombra do Brexit de Jeremy Corbyn anunciou o seu próprio governo sombra. Além da surpresa que representou o regresso do ex-líder, Ed Miliband, aos cargos no Labour, Starmer fez uma limpeza dentro dos chamados corbynistas, deixando contudo alguns para não antagonizar totalmente a ala mais à esquerda do partido.

A sua adversária, apontada como eventual sucessora de Corbyn, Rebecca Long-Bailey, ficou com a pasta da Educação, que pertencia antes à sua colega de apartamento, Angela Rayner, que foi eleita vice-líder. São duas representantes da via mais à esquerda, num governo-sombra que se quer também capaz de atrair o centro. Entre os aliados de Corbyn que ficaram sem cargo estão Richard Burgon (que era ministro-sombra da Justiça e foi candidato a vice-líder) e o ex-presidente do partido Ian Lavery.

"Tenho orgulho de ter nomeado um gabinete-sombra que mostra a amplitude, a profundidade e os alentos do Partido Trabalhista. Esta é uma nova equipa que vai concentrar-se incansavelmente em agir no interesse nacional e em responder à pandemia do coronavírus e em reconstruir o Labour para que possa vencer as próximas eleições", disse o novo líder.

Em relação ao antissemitismo, num artigo publicado na terça-feira no jornal Evening Standard, Starmer repetiu o pedido de desculpas que já tinha feito no fim de semana. "Quero pedir desculpas novamente e reiterar a minha promessa de arrancar este veneno pelas raízes", escreveu, anunciando uma série de medidas para lidar com o problema. "Não deixarei uma pedra por virar", indicou, dizendo que a prova do seu sucesso será o regresso dos militantes judeus e de outros que acharam que já não podiam apoiar o partido por causa do antissemitismo.

Sobre o coronavírus, Starmer desejou como muitos as melhoras ao primeiro-ministro, Boris Johnson, mas exige que o governo divulgue a sua estratégia de saída do confinamento. "Não quero saber a data precisa, quero saber a estratégia", indicou, considerando que nestes momentos difíceis as pessoas precisam de saber que planos tem o governo.

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