Katelyn Ohashi. Como o "pássaro que não podia voar" chegou à nota 10

Competiu ao lado de Simone Biles, mas afastou-se. A ginasta da Universidade da Califórnia não aguentou a pressão e retirou-se da competição em 2015 antes de conquistar o júri e a internet com um exercício perfeito
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Katelyn Ohashi é uma das sensações do momento da Internet. A ginasta de 21 anos da Universidade da Califórnia obteve este fim-de-semana a nota perfeita, um 10 apenas possível no sistema de pontuação universitário - ao contrário do que acontece nas provas da Federação Internacional de Ginástica -, mas antes da glória na internet tocou no fundo enquanto competia na elite.

Não assim há tanto tempo, esta antiga esperança olímpica norte-americana competiu com grandes nomes como Simone Biles, mas cansou-se da constante pressão competitiva a que foi sujeita. Primeiro, surgiram as lesões. De acordo com um vídeo sobre Ohashi no portal The Players Tribune, a ginasta sofreu uma fratura nas costas e distensões nos ombros. "Fui comparada a um pássaro que não podia voar", confessou.

Três anos depois de falhar os Jogos Olímpicos de Londres (2012) decidiu afastar-se da competição de elite para prosseguir apenas no desporto universitário. Uma decisão difícil e pouco compreendida. "Naquela altura, ninguém sabia realmente o que eu estava a passar. Não me conseguia aceitar. A ginástica era a minha fortuna."

De volta ao nível universitário, na Universidade da Califórnia, Ohashi recuperou a paixão que sentia pela modalidade, encarando a ginástica de maneira diferente. Em vez de trabalhar para o pódio e para medalhas, passou a treinar por uma questão de satisfação pessoal. O novo caminho traçado não só lhe devolveu a alegria, como a recolocou na rota do sucesso. Um sucesso que, para ela, é "ser capaz de sair com um sorriso no rosto e ser verdadeiramente feliz". Mas um sucesso também a nível de desempenhos.

No fim de semana, a espetacular rotina ao ritmo de um mix musical que incluía trechos de canções de Tina Turner, The Jackson 5 e Michael Jackson, entre outros, foi partilhada nas redes sociais pela UCLA e em menos 48 horas conquistou, só no Twitter, mais de 21 milhões de visualizações e elogios um pouco de todo o mundo. "Um 10 não é suficiente para este exercício", publicou a conta da universidade de Los Angeles.

Na ginástica desde os três anos

A paixão de Ohashi pela ginástica manifestou-se praticamente desde o berço. Aos três anos, começou a praticar a modalidade na sua cidade-natal, Seattle, no estado de Washington. No entanto, para ter aspirações de se tornar uma ginasta de elite, teve de se mudar aos nove anos com a mãe e o mais novo de três irmãos para um local conhecido por produzir campeões, o Great American Gymnastics Experience (GAGE), um ginásio no estado de Missouri, propriedade do treinador principal Al Fong.

Depois de ter terminado em décimo lugar nos primeiros campeonatos nacionais de elite em que participou, aos 12 anos, mudou-se para o Texas para potenciar o talento na World Olympic Gymnastics Academy (WOGA), onde também se desenvolveram vários ginastas campeões olímpicos como Madison Kocian, Nastia Liukin e Carly Patterson.

Rapidamente Ohashi foi considerada uma das principais figuras da WOGA, vencendo competições em todo o mundo e recebendo o rótulo de prodígio. Por escassos meses, falhou os Jogos Olímpicos de 2012 por não ter a idade mínima exigida, o que significava que teria de esperar mais quatro anos (quando tivesse 19 de idade) para ter a primeira oportunidade. A espera parecia valer a pena quando em 2013 a norte-americana venceu a Taça Americana, considerada uma das principais competições mundiais, deslumbrando com um moonwalking de Michael Jackson.

Depois surgiram os problemas: físicos e mentais. As sucessivas lesões e a pressão de não poder falhar a cada prova levaram-na ao limite. "Estava partida. Houve uma atura em que eu estava no topo do mundo e era uma esperança olímpica. Era imbatível, até deixar de o ser", confessou ao The Players Tribune.

Voltará a competir?

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