O caso remonta a 1996, quando a Associação de Municípios da Cova da Beira escolheu a empresa Ana Simões & Morais para assistir no concurso público. A empresa era dirigida por Ana Simões e António José Morais, engenheiro e docente que deu várias cadeiras ao primeiro-ministro, José Sócrates, quando este estudava na Universidade Independente..Ana Simões e António José Morais são arguidos no caso, suspeitos de terem recebido dinheiro de outro arguido, Horácio Luís de Carvalho, dono da empresa HLC, que veio a ganhar o concurso, no valor de 12,5 milhões de euros, para a construção do aterro em 1997, apesar de ter sido excluída no início do concurso e entretanto readmitida..As suspeitas de corrupção apoiam-se nos dados fornecidos por um banco offshore que funciona numa ilha do Canal da Mancha, autónoma do Reino Unido, mas considerada uma dependência da Coroa britânica, daí a necessidade de inquirição de testemunhas em Inglaterra, indicou à agência Lusa fonte do Tribunal Criminal de Lisboa..Aqueles dados dão conta de 58 mil euros transferidos para uma conta aberta pela empresa Ana Simões & Morais no banco offshore, onde Horácio Luís de Carvalho também tinha conta..O primeiro-ministro, que foi arrolado como testemunha por Ana Simões, respondeu por escrito a várias perguntas colocadas pelo tribunal..José Sócrates, que na altura dos factos era secretário de Estado do Ambiente, afirmou não ter tido qualquer influência, quer na escolha da empresa Ana Simões & Morais para prestar consultoria, quer na escolha da HLC para construir o aterro.