Juízes impedem Sergio Moro de se candidatar por São Paulo

Tribunal eleitoral concluiu que o ex-ministro de Bolsonaro tentou usar um hotel como domicílio no estado. Ação fora pedida pelo Partido dos Trabalhadores, de Lula da Silva
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Sergio Moro não vai poder, como pretendia, candidatar-se ao Senado Federal ou à Câmara dos Deputados pelo estado de São Paulo nas eleições gerais do Brasil de outubro de 2022, determinou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por quatro votos a dois, os juízes do TSE rejeitaram a transferência do domicílio eleitoral do ex-ministro de Jair Bolsonaro e ex-juiz da Operação Lava Jato do Paraná, estado onde nasceu e mora, para São Paulo, por falta de vínculo com a região.

A legislação exige um mínimo de três meses no novo domicílio eleitoral para realizar a transferência de título de eleitor. A defesa de Moro apresentou uma consultoria na cidade de São Paulo e registos de 21 noites de hospedagem num hotel local como prova.

"Não há vínculo profissional algum com o estado de São Paulo a não ser por uma consultoria que durante grande parte do tempo foi prestada de forma virtual", afirmou o juiz Marcio Kayatt. "O recorrido [Moro] não é nem residente, nem tem moradia, se nós temos lei, para que nós precisamos divagar na resolução? Há 30 anos se decide desta maneira. Temos lei: domicílio é o local da moradia", acrescentou o juiz Silmar Fernandes.

A acusação de crime eleitoral, que incluiu também Rosângela Moro, mulher do ex-ministro que pretende candidatar-se por São Paulo nas eleições de 2022, foi interposta pelo Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva.

Moro reagiu "com surpresa". "Recebi surpreso a decisão do TRE de São Paulo na ação proposta pelo PT. Nas ruas, sinto o apoio de gente que, como eu, se orgulha do resultado da Lava Jato e não desistiu de lutar pelo Brasil. Anunciarei em breve meus próximos passos. Mas é certo que não desistirei do Brasil".

É mais uma derrota de Moro que começou por ser candidato presidencial pelo partido Podemos, em outubro de 2021. Depois de decidir transitar, em março, para um partido maior, o União Brasil, ficou a saber que a nova formação não pretendia apoiá-lo numa candidatura ao Planalto. O passo seguinte, a candidatura por São Paulo à Câmara dos Deputados, ficou agora inviabilizado. Segundo observadores, Moro deve agora tentar uma vaga no Senado Federal pelo Paraná mas terá de vencer Álvaro Dias, um dos seus padrinhos políticos, que se candidata pelo Podemos.

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