Juiz ordena libertação de pais de menino com cancro
A decisão do juiz acontece depois de o Ministério Público britânico ter decidido retirar o mandado de detenção que recaía sobre o casal e que levou à sua detenção, no sábado, em Málaga, Espanha.
As autoridades britânicas consideraram que "as provas eram insuficientes para uma possibilidade realista de condenação por qualquer crime" e por isso decidiram retirar o mandado, ato imediatamente aplaudido pelo primeiro-ministro.
"É importante que este menino receba tratamento e o amor da família", escreveu David Cameron no Twitter.
Já antes, o vice-primeiro-ministro britânico Nick Clegg pronunciara-se a favor da reunião "imediata" do pequeno Ashya King, atualmente a ser tratado num hospital de Málaga, com os pais. O governante lembrou que o caso envolve "uma criança muito jovem, que não fala espanhol, totalmente sozinha num hospital, sem qualquer contacto com a sua família e os seus irmãos".
Clegg disse ainda que não ter sido "apropriado" a forma como a justiça britânica atuou e a atitude considerada agressiva da polícia. Para o governante britânico, "estamos perante uma família angustiada que busca o melhor para o seu filho.
Os pais de Ashya estavam detidos aguardando a decisão do Supremo Tribunal de Madrid, que deverá pronunciar-se sobre um pedido de extradição apresentado pelas autoridades britânicas. A decisão do Supremo espanhol será conhecida na quarta-feira.
Numa audiência na segunda-feira, haviam recusado ser extraditados e o juiz decidira prolongar, no máximo, por 72 horas a sua detenção, até decidir sobre o caso. Sabia-se já que amanhã existiria uma nova audiência e, segundo a France Presse, o juiz iria decidir pela libertação do casal.
Em sentido idêntico ao de Clegg, mais de cem mil britânicos assinaram já uma petição online pedindo a reunião dos pais de Ashya com o seu filho.
Estes retiraram a criança do hospital de Southampton sete dias após uma operação para a remoção de um tumor cerebral particularmente agressivo. Os médicos notificaram a polícia, considerando que a criança fora retirada do hospital sem a sua autorização. A polícia britânica emitiu um mandado internacional de captura, que foi retirado hoje ao início da tarde.
Os pais de Ashya viajaram imediatamente para a França com o menino, seguindo depois para Marbelha, onde serão detido a 30 de agosto. Pouco antes, o pai colocara um vídeo no YouTube, criticando o modo de funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), considera que os médicos não terão atuado da melhor forma e diz que apenas pretende que o seu filho seja submetido a uma nova forma de tratamento do cancro, que recorre à emissão de protões, uma forma mais precisa e menos nociva ao organismo do doente do que a radioterapia. Simplesmente, esta forma de tratamento, particularmente dispendiosa, não é acessível através do SNS britânico em regra, sendo necessário uma junta médica pronunciar-se sobre o caso.